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DeSantis criticado por republicanos por declarações sobre Ucrânia

O governador da Flórida questionou a política externa norte-americana e disse que a invasão russa é uma "disputa territorial", enfurecendo os colegas mais veteranos no partido conservador.

DeSantis criticado por republicanos por declarações sobre Ucrânia
Notícias ao Minuto

10:19 - 15/03/23 por Notícias ao Minuto

Mundo Estados Unidos

Ron DeSantis é um nome cada vez mais popular entre os conservadores. Encarado por muitos como o melhor republicano para fazer frente a Donald Trump, o governador da Flórida ainda não anunciou a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, mas as suas últimas declarações não conquistaram adeptos dentro do Partido Republicano.

Na segunda-feira, durante um segmento no programa do ultranacionalista Tucker Carlson, na Fox News, DeSantis divulgou um comunicado no qual argumentou que defender a Ucrânia não é "um interesse vital" para os Estados Unidos, e no qual considerou que a guerra é "uma disputa territorial entre Ucrânia e Rússia".

Se, por um lado, as declarações do governador conservador demonstram um alinhamento ainda maior com a política externa defendida por Donald Trump - o que serve para voltar a comparar os dois -, a verdade é que muitos republicanos veteranos não gostaram da desvalorização da invasão russa.

"DeSantis está errado e parece ter-se esquecido das lições de Ronald Reagan", disse Liz Cheney. A antiga congressista, filha do vice-presidente Dick Cheney e uma das mais proeminentes vozes da secção do Partido Republicano que se opôs a Trump, afirmou num comunicado que a guerra "não é uma disputa territorial", argumentando que "o povo ucraniano está a lutar pela sua liberdade".

"Render a Putin e recusar a defesa da liberdade torna a América menos segura", acrescentou Liz Cheney, num comunicado enviado ao New York Times (NYT).

Já Lindsey Graham, o senador conservador do estado da Carolina do Sul, "não pode estar mais em desacordo" e comparou as palavras do governador da Flórida com a política de apaziguamento, levada a cabo pelos aliados antes da Segunda Guerra Mundial de agradar a Hitler, para que este não iniciasse um conflito armado

"A abordagem à Neville Chamberlain à agressão nunca acaba bem. Esta é uma tentativa de Putin de reescrever o mapa da Europa com a força das armas", apontou Graham, um dos mais antigos aliados de Donald Trump, numa entrevista na terça-feira citada pelo NYT.

Já o senador John Cornyn, do estado do Texas, mostrou-se "perturbado" numa entrevista ao POLITICO. "Eu acho que ele é um tipo inteligente. Quero saber mais sobre isso mas espero que ele sinta que não precisa de se alinhar com Tucker Carlson para ser competitivo nas primárias", acrescentou o congressista.

As declarações de DeSantis - considerado por muitos como uma versão mais polida e experiente de Trump, apesar de várias políticas ainda mais extremas e autoritárias à frente do estado da Flórida - surgiram depois de Tucker Carlson enviar um questionário a todos os candidatos republicanos (declarados e hipotéticos) à Casa Branca e, apesar de o governador não colocar em cima da mesa retirar completamente o apoio dos EUA, foi uma grande divergência comparativamente às posições defendidas por outros possíveis concorrentes.

Uma dessas candidatas é Nikki Haley. A antiga embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas, nomeada para o cargo por Trump, tem deixado claro que planeia continuar a apoiar o governo de Kyiv, caso seja eleita. "A América está muito melhor servida com uma vitória ucraniana do que com a Rússia. Se a Rússia ganhar, não há razão para acreditar que irá parar na Ucrânia", acrescentou, na sua resposta a Carlson, um influente defensor de teorias da conspiração e de supremacia branca cujo programa é dos mais assistidos em todo o país.

Haley faz parte do grupo de quatro pessoas que já anunciaram candidaturas à Casa Branca - três deles são republicanos, incluindo Trump e o milionário Vivek Ramaswamy, além da controversa democrata Marianne Williamson. DeSantis, além do ex-vice-presidente Mike Pence, é um dos nomes que poderá lutar pelo lugar de Joe Biden (que ainda não anunciou uma recandidatura).

O NYT nota que, apesar da revolta por parte dos republicanos mais tradicionais e da elite conservadora, Trump e DeSantis estão, na verdade, mais alinhados com as opiniões da maioria do eleitorado à direita. Uma sondagem do Pew Research Center, realizada em janeiro, verificou que 40% dos eleitores republicanos considera que os EUA estão a dar demasiado apoio à Ucrânia.

Leia Também: Apoiar a Ucrânia não é "um interesse vital dos EUA", diz Ron DeSantis

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