A mãe de Oleksandr Matsievsky, o soldado ucraniano executado a sangue-frio alegadamente por tropas russas após ter gritado “Viva a Ucrânia”, viu o vídeo da morte do filho nas redes sociais.
Em entrevista ao jornal alemão Bild, cujo excerto já foi divulgado na rede social Twitter, Praskovyia revelou que estava no Facebook quando viu o vídeo de 12 segundos, que terá sido divulgado pelas tropas russas.
“Foi de noite. Abri o Facebook, estava a ver um vídeo… Era o Sasha. Era um vídeo horrível de uma execução. Estava a ver e percebi que era o meu filho. Gritei: ‘Sasha’. Foi um choque. O meu Sasha”, contou, referindo-se à alcunha pela qual chamava o filho.
“O vídeo acabou e depois viu-o outra vez. É o Sasha. O meu Sasha”, acrescentou, entre lágrimas.
Depois, ligou à nora, Yulia, e enviou-lhe o vídeo. “Ela viu-o e disse: ‘Este é o nosso Sasha’”, disse, acrescentando que, Misha, o neto, também tinha confirmado a identidade do pai.
“‘Avó, é o nosso pai’”, repetiu Misha, num momento de desespero. “No dia seguinte, ligou-me e voltou a dizer ‘é o nosso pai, eu reconheço-o, a maneira como fuma, a maneira dele, é o nosso pai’”, contou Praskovyia ao Bild.
“Foi um grito desesperado. Ele chorou muito, chorou desesperadamente ao telefone”, concluiu.
EXCLUSIVE: We spoke with Praskovyia, the mother of soldier Oleksandr, who was brutally executed by Russian soldiers after he said „Slawa Ukraini“. She describes the night she saw the video of execution of her son. We will publish the whole interview tomorrow @bild and youtube. pic.twitter.com/WaiDtCyEyC
— Paul Ronzheimer (@ronzheimer) March 9, 2023
O corpo de Matsievsky já foi entregue à família como parte da troca de mortos entre a Rússia e a Ucrânia. O homem, inicialmente identificado como Tymofiy Mykolayovych Shadura, era um soldado do 163º batalhão da 119ª brigada separada da defesa territorial da região de Chernihiv.
O momento da execução foi gravado e tornou-se viral na segunda-feira. Nas imagens, vê-se o soldado ucraniano a fumar um cigarro. No fundo, ouve-se, em russo, alguém a pedir “filma-o”. O prisioneiro de guerra responde com “Viva a Ucrânia” e é alvejado várias vezes com uma arma automática, caindo inanimado. “Morre, cabrão”, ouve-se ainda em russo.
Na quarta-feira, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou que o vídeo “parece ser autêntico”.
“Estamos cientes deste vídeo publicado nas redes sociais que mostra um soldado ucraniano, fora de combate, aparentemente executado pelas Forças Armadas russas. Com base numa análise preliminar, pensamos que o vídeo parece ser autêntico", disse um porta-voz do Alto Comissariado.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 13 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
Leia Também: Corpo de ucraniano executado recuperado em troca de mortos com Rússia