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Ministro paquistanês aborda rumo "doloroso" de mulheres no mundo islâmico

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Bilawal Bhutto Zardari, considerou hoje doloroso o rumo das mulheres em partes do mundo islâmico, na contramão do que defende o Islão, criticando o ocidente por alegada islamofobia.

Ministro paquistanês aborda rumo "doloroso" de mulheres no mundo islâmico
Notícias ao Minuto

17:40 - 08/03/23 por Lusa

Mundo Zardari

Zardari presidiu hoje na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, a uma conferência sobre "Mulheres no mundo islâmico", onde criticou a "profunda perceção errónea que existe sobre os direitos, o papel e a identidade das mulheres no Islão" e as "caricaturas da sociedade muçulmana" difundidas após os atentados de 11 de setembro de 2001.

"Essa caricatura é pintada por uma perceção baseada na ignorância sobre a nossa história, sobre as nossas normas culturais e históricas e papéis que as mulheres desempenharam. E a caricatura é resultado do facto de que a perceção da nossa religião foi amplamente sequestrada depois do 11 de setembro por extremistas, por obscurantistas, que não representam a nossa fé", sustentou.

Na conferência realizada à margem da 67ª Sessão da Comissão da ONU sobre o Estatuto da Mulher, Zardari quis combater essa "propaganda e perceção".

"Ofende-me como muçulmano, como paquistanês, no fundo do meu coração, que a face do Islão, infelizmente, em grande parte da perceção do público ocidental, seja Osama bin Laden e não a mártir Benazir Bhutto", disse, referindo-se à política paquistanesa que se tornou a primeira mulher líder de uma nação muçulmana na história moderna e que foi assassinada em 2007.

De acordo com o governante, a proclamação de igualdade entre mulheres e homens foi um dos princípios transformacionais do Islão na sua fundação, frisando que foi a primeira religião a dar direitos às mulheres.

"A história islâmica atesta o papel destacado desempenhado pelas mulheres muçulmanas em todas as esferas da vida, educação, empreendimento, economia, política e governança", apontou.

"É por isso que é particularmente doloroso hoje que alguns optem por justificar a restrição aos direitos das mulheres, particularmente à educação, em nome do Islão", afirmou Zardari, numa referência aos talibã, que proibiram mulheres e meninas de aceder às salas de aula no Afeganistão.

"Exorto sinceramente o Governo afegão a reverter essas restrições e permitir que as mulheres do Afeganistão façam a sua contribuição total e inestimável para o desenvolvimento e progresso da sua nação", apelou.

O ministro paquistanês sublinhou que essas medidas são uma violação direta dos princípios básicos do Islão, e que as mulheres muçulmanas há muito são agentes de mudança nas suas sociedades, apesar dos entraves.

"Devemos moldar um mundo livre de exploração e maus-tratos às mulheres. Um mundo em que as mulheres tenham oportunidades de ascender ao mais alto nível da política, negócios, diplomacia e outras esferas da vida, onde não há mulheres espancadas, onde a honra e a dignidade são protegidas na guerra e no conflito. (...) E não vamos ceder", disse na abertura da conferência.

Zardari referiu-se à situação de mulheres muçulmanas que vivem em países não-muçulmanos e afirmou que enfrentam obstáculos como a proibição de usar vestuário feminino islâmico, o que considerou uma negação da sua liberdade e uma "manifestação de islamofobia", instando ao combate à discriminação e aos estereótipos negativos.

Também o presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Korosi, salientou que a desigualdade de género persiste em todos os países, independentemente da religião, instando os representantes presentes no evento a apontarem lacunas entre a perceção e a realidade e o que seus países farão para garantir plenamente os direitos das mulheres.

"Vamos inspirar a próxima geração, tanto nos Estados de maioria muçulmana, quanto fora desses países, a quebrar normas equivocadas. Para mudar as narrativas. Renunciar aos estereótipos de género", apelou Korosi.

Leia Também: Mulheres paquistanesas manifestam-se por direitos no Dia da Mulher

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