Um casal de nacionalidade argentina esteve detido durante cinco dias, durante os quais foram maltratados pela polícia, em Buenos Aires, por alegados abusos sexuais e posterior morte da filha bebé.
A tormenta desta família começou há uma semana, quando Layla Rivero e Gabriel Barrientos se dirigiram ao hospital Balestrini porque a bebé, de apenas 21 dias, ter-se-ia engasgado com leite durante a amamentação e parado de respirar.
A equipa médica de plantão na unidade hospitalar tentou reanimar a bebé, mas sem sucesso, tendo, pouco depois, declarado a sua morte cerebral.
Numa análise posterior, os médicos entenderam que havia sinais de abuso sexual, pelo que deu o alerta à polícia.
Os pais de luto foram encaminhados para a esquadra, local onde souberam que a sua quarta filha não sobreviveu e que estavam indiciados por homicídio qualificado e abuso sexual.
Rivero e Barrientos foram então detidos, tendo ficado encarcerados durante cinco dias, durante os quais foram maltratados pelos guardas prisionais.
Na sequência da detenção do casal, o Ministério Público pediu para investigar se os outros três filhos menores - de oito, sete e cinco anos - também teriam sido vítimas de abusos.
No entanto, chegados os resultados da autópsia, as conclusões foram muito diferentes das dos pediatras do hospital argentino. O relatório concluiu que não haviam quaisquer lesões associadas a indícios de abusos sexuais.
Assim, o juiz ordenou a libertação do casal, que está agora a recuperar do sucedido e a planear denunciar a equipa médica e os agentes policiais responsáveis pela sua custódia durante os dias em que estiveram detidos.
"O que vivemos foi uma provação, desde o momento em que entramos na esquadra até à saída. Levámos estalos, pontapés, não nos queriam dar água nem deixar que entrássemos em contato com a nossa família. Foi a pior coisa que nos aconteceu na vida. Não pudemos despedir-nos da nossa filha, não nos contaram nada", afirma Layla, citada pelo jornal El País, acrescentando que foi incentivada a testemunhar contra o marido.
"A bebé tinha uma cardiopatia congénita que não foi detetada e lhe causou morte cerebral. Tinha sangue nas narinas e na boca porque os seus pulmões falharam. É o que diz a autópsia", esclarece o advogado da família, citado pelo mesmo jornal, acrescentando ainda que o Ministério Público abriu um inquérito para esclarecer o incumprimento da ordem judicial que impunha o isolamento dos pais na prisão.
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