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Brasil? "Presos" na "Guantánamo da América do Sul" não são terroristas

O deputado federal e ex-vice líder do Governo de Jair Bolsonaro na Câmara denunciou à Lusa que não estão a ser respeitados os direitos humanos dos presos acusados de atacarem as sedes dos três poderes em Brasília.

Brasil? "Presos" na "Guantánamo da América do Sul" não são terroristas
Notícias ao Minuto

10:33 - 07/02/23 por Lusa

Mundo Brasil

No dia 08 de janeiro, milhares de radicais, invadiram o Palácio do Planalto, os edifícios da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Após esse dia, vários militares foram exonerados pelo Governo de Lula da Silva, assim como o chefe das Forças Armadas, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro permanece em prisão preventiva, dezenas de pessoas e empresas têm contas bloqueadas por suspeitadas de patrocínio dos atos e o STF está a investigar os graves acontecimentos como uma tentativa de golpe e incluiu Bolsonaro nas investigações para esclarecer se ele instigou os seus apoiantes a perpetrar os ataques contra as instituições.

A Lusa falou com duas pessoas que no dia 08 de janeiro invadiram o coração da democracia do Brasil que contaram que tanto elas como a maioria dos invasores que conhecem não estão arrependidos.

A um dia de se completar um mês desde os ataques quase 1.000 pessoas permanecem nas prisões de Brasília e 464 obtiveram liberdade provisória com aplicação de medidas cautelares.

"Alguém acredita que alguns cadeirantes [pessoas de cadeira de rodas], um bocado de velhinhas e uma turma desarmada ia conseguir derrubar um Estado com mísseis, com tanques, e depor um Governo?", disse à Lusa o deputado federal e ex-vice líder do Governo de Jair Bolsonaro na Câmara, José Medeiros. De acordo com a imprensa local, 68,1% das pessoas  têm entre 40 e 60 anos e 36,8% têm entre 45 e 55 anos.

"Os direitos humanos ali estão sendo totalmente desconsiderados e nós temos ali uma Guantánamo da América do Sul", afirmou o deputado.

José Medeiros vai mais longe e considera que a Corte Internacional dos Direitos humanos e instituições de direitos humanos deviam estar de vigília nas prisões, porque, na sua opinião, estes brasileiros têm os "seus direitos tolhidos, seus direitos civis violentados por nada".

Para o deputado, estão a ser "imputados crimes que eles não cometeram", já que, apesar do "comportamento reprovável, "ali tem crime de invasão e depredação de património público, não tem crime de golpismo, ou terrorismo".

José Medeiros recorre ainda à lei brasileira, que, no seu entender, diz que "primeiro tem de identificar o crime e individualizar as condutas".

"Portanto alguém que estava apenas lá no gramado [relva] da Esplanada dos Ministérios não cometeu crime algum", justificou, acusando o STF de querer fazer de exemplo estas pessoas e de querer criminalizar "um lado da política brasileira para fortalecer e dar guarida ao atual Governo".

"Os parlamentares que defendem o direito de se manifestar, a liberdade de expressão, que defendem a lei brasileira, estão sendo todos criminalizados", afirmou, referindo-se às contas de redes sociais que estão a ser suspensas por ordem do STF por terem incentivado e apoiado, nas redes sociais, os "atos antidemocráticos" que resultaram nos ataques às sedes dos três poderes.

Para o deputado do Partido Liberal estes ataques do dia 08 de janeiro são o resultado de frustrações que vêm desde as manifestações de 2013, contra o então Governo de Dilma Rousseff, que se agudizaram com a operação Lava Jato e com a não condenação de Lula da Silva, num sentimento de "impunidade".

"Não são bolsonaristas, são brasileiros que por acaso colocaram Bolsonaro lá. São brasileiros que estão putos [furiosos] faz tempo", considerou, dizendo ainda que o Brasil caminha, para o esgotamento do "tecido social".

À Lusa, um homem que participou nos ataques aos três poderes e que não quis ser identificado afirmou não estar arrependido das suas ações. "As pessoas que tive contacto a maioria não se arrependeu", disse, acrescentando que hoje segue a sua "vida normalmente, um pouco fora da política".

O homem disse ainda que não foi intimado pelas autoridades e que estava dentro da região cercada pela polícia e conseguiu fugir sem ser detetado.

Ainda assim, disse mostrar-se triste com o comportamento do exército e que esperada "uma reação diferente". Ou seja, esperava que se juntassem ao apelo e fizessem um golpe militar.

"Graças a deus não me aconteceu nada", disse à Lusa uma mulher que também não quis ser identificada. "Tenho vários amigos que continuam presos", contou.

Esta mulher, que desde o dia 30 de outubro, dia da vitória nas presidenciais de Lula da Silva, encontrava-se acampada em frente ao quartel general em Brasília a pedir uma intervenção militar garante que foi para a Esplanada dos Ministérios no dia 08 de janeiro "com a intenção nem de invadir nem quebrar nada"

"Eu não fiz nada, Mas arrependida não. Fiquei triste porque não era para ter sido daquele jeito", disse, considerando que "o desfecho foi bem frustrante".

Tanto o homem como a mulher disseram à Lusa acreditar numa teoria da conspiração que circula nos grupos bolsonaristas de que Lula da Silva saberia do plano e facilitou tudo de modo a vitimizar-se e fazer crescer o seu poder.

"Caímos novamente no golpe da esquerda", disse a mulher.

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