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2022. As eleições brasileiras que mostraram dois países que não dialogam

As eleições presidenciais brasileiras deste ano, ganhas pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva por uma estreita margem, foram as mais disputadas da história democrática do Brasil, um sinal da divisão política no país.

2022. As eleições brasileiras que mostraram dois países que não dialogam
Notícias ao Minuto

15:02 - 20/12/22 por Lusa

Mundo 2022

Em causa estiveram duas personalidades antagónicas que dividiram o país em dois, numa polarização nunca antes vista na sociedade brasileira, e que pôs a comunidade internacional de olhos no Brasil, receando a instabilidade do gigante da América do Sul.

Lula da Silva, o candidato apoiado por uma ampla frente de esquerda e antigo chefe de Estado do Brasil, acabou por vencer as eleições por 50,9% dos votos, contra os 49,1% alcançados pelo Presidente cessante, Jair Bolsonaro, em quem apostava a extrema-direita.

Porém, passados quase dois meses do anúncio do vencedor final das eleições, cuja primeira volta decorreu a 02 de outubro e a segunda a 30 do mesmo mês, os resultados ainda não foram pacificamente aceites por uma parte da sociedade brasileira apoiante do ainda chefe de Estado, e continuam a verificar-se protestos nas ruas de várias cidades do Brasil.

Logo após a segunda volta, os manifestantes pediam um golpe militar contra a vitória de Lula, chegando a bloquear várias estradas.

Os protestos geraram confrontos com as autoridades, originando vários feridos.

O movimento acabou por perder intensidade após Jair Bolsonaro ter feito uma declaração em que pedia o fim dos bloqueios de estradas, num discurso em que, indiretamente, admitiu também a sua derrota, ao determinar que o Governo iniciasse o processo de transição com a equipa de Lula da Silva.

Mas, ao mesmo tempo, Bolsonaro afirmou que "manifestações pacíficas serão sempre bem-vindas", mas os seus métodos "não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como a invasão de propriedade ou a destruição de património".

Na quinta-feira da semana passada, o líder do partido de Jair Bolsonaro veio pedir aos manifestantes que apelam a um golpe de Estado, para reverter o resultado nas eleições presidenciais.

"Agradeço a vocês que estão na rua, lutando. Continuem na luta. Bolsonaro não vai dececionar ninguém, ele é um grande líder, que veio para ficar", afirmou Valdemar da Costa Neto, nas redes sociais do partido.

"Nós vamos estar sempre juntos na defesa dos nossos deputados, dos nossos senadores e de vocês, principalmente", insistiu.

As afirmações de Valdemar da Costa Neto surgiram horas depois de o Supremo Tribunal Federal do Brasil ter emitido 103 mandados de busca e quatro mandados de captura em nove dos 27 estados do país, contra suspeitos de organizar "atos antidemocráticos".

Simultaneamente às eleições presidenciais, estavam também em jogo os governos dos 27 estados do país, em disputas protagonizadas por candidatos muito diversos, e as eleições regionais.

Os brasileiros elegeram 513 membros da Câmara dos Deputados, e renovaram parcialmente o Senado, ao eleger 27 novos membros, além de escolherem centenas de parlamentares regionais para as assembleias legislativas dos estados.

Até à tomada de posse, deverá porém manter-se a incógnita se, pela primeira vez na história democrática do Brasil, o presidente cessante entregará a faixa presidencial ao seu sucessor, como é tradição.

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