"Atrasámos o seu programa em pelo menos um a dois anos, é o que a comunidade de inteligência do Departamento de Defesa está a avaliar", frisou o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell.
Parnell sublinhou que o atraso causado ao programa nuclear iraniano está "provavelmente está mais perto dos dois anos".
Donald Trump já tinha estimado, no final de junho, que o programa nuclear iraniano tinha sido eliminado e atrasado por décadas, enquanto 'media' norte-americanos, que citaram um relatório confidencial de uma agência de informação norte-americana, estimou o atraso em apenas alguns meses.
A informação do Pentágono foi avançada no mesmo dia que o Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, deu a aprovação final à legislação que suspende a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), dando sequência a uma votação anterior no parlamento.
A lei promulgada hoje visa "garantir o total apoio aos direitos do Irão" e, "em particular, ao enriquecimento de urânio" ao abrigo do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), segundo os meios de comunicação iranianos.
A ONU considerou preocupante esta decisão do Irão, enquanto Washington considerou inaceitável.
Em 25 de junho, um dia após o cessar-fogo imposto por Donald Trump após uma guerra de 12 dias entre o Irão e Israel, o Parlamento iraniano aprovou por larga maioria um projeto de lei que suspende a cooperação com a agência da ONU responsável pela segurança nuclear.
A decisão do Irão irritou também Israel, inimigo desde a Revolução Islâmica de 1979, e o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, apelou ao mundo para "utilizar todos os meios ao seu dispor para pôr fim às ambições nucleares do Irão".
Apelou à Alemanha, França e Reino Unido, os três países europeus que assinaram o acordo nuclear iraniano de 2015 com a China e os Estados Unidos, para "reinstaurarem todas as sanções contra o Irão" e fazerem-no "agora".
Este acordo tornou-se nulo e sem efeito após a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, e Teerão começou então a libertar-se das suas obrigações. Berlim classificou a decisão do Irão como um "sinal desastroso".
Afirmando que o Irão estava perto de desenvolver uma arma nuclear, Israel lançou um ataque maciço contra o país em 13 de Junho, atingindo centenas de instalações nucleares e militares.
O Irão, que nega procurar uma bomba atómica, mas defende o seu direito de enriquecer urânio para fins civis, retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel.
Os ataques israelitas fizeram pelo menos 935 mortos no Irão, segundo um relatório oficial. Em Israel, 28 pessoas foram mortas por mísseis iranianos, segundo as autoridades israelitas.
A questão do enriquecimento de urânio está no centro das divergências entre o Irão e os Estados Unidos, que iniciaram negociações indiretas em abril, mas foram interrompidas pela guerra.
As autoridades iranianas denunciaram veementemente o silêncio da AIEA face aos bombardeamentos israelitas e norte-americanos contra as instalações nucleares iranianas.
Teerão criticou ainda a agência por uma resolução adotada em 12 de junho, véspera dos primeiros ataques israelitas, acusando o Irão de incumprimento das suas obrigações na área nuclear.
O Irão rejeitou também um pedido do responsável da AIEA, Rafael Grossi, para visitar as suas instalações nucleares bombardeadas, a fim de apurar o que aconteceu ao seu 'stock' de urânio enriquecido a um nível próximo do limite de projeto para uma bomba atómica.
Grossi estimou que o Irão teria capacidade técnica para retomar o enriquecimento de urânio em "alguns meses".
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