Reforço de políticas migratórias nos EUA impulsiona tráfico no México

A suspensão do programa CBP One e outras medidas contra a migração irregular do Presidente dos EUA estão a ter repercussões em Tapachula, cidade situada no epicentro da crise migratória no sul do México, reportou hoje a EFE.

Tráfico de Mulheres, tráfico humano

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Lusa
02/07/2025 22:21 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Migrações

É nesta cidade, segundo a agência noticiosa espanhola, que cita denúncias de ativistas e migrantes, que os traficantes de pessoas disputam o controlo das rotas até à fronteira norte.

 

O diretor do Centro de Dignificação Humana (CDH) em Tapachula, Luis Rey García Villagrán, afirmou que os traficantes cobram entre 10.000 e 15.000 dólares (entre 8.500 e 12.730 euros) por cada travessia.

"Por isso, há também uma guerra interna entre os cartéis. Há também um conflito entre a polícia de Chiapas e os diferentes grupos criminosos, porque metade do que se obtém do saque que os traficantes arrecadam está na origem dessa guerra interna. Está em jogo o controlo da rota do tráfico e da exploração de pessoas", afirmou.

García Villagrán explicou que, por vezes, os migrantes são cercados ao cruzar o rio Suchiate, que separa o México da Guatemala, sendo depois levados até à fronteira com os Estados Unidos, o que comprova que a migração irregular persiste, apesar das políticas de Washington.

Em Tapachula, a maior cidade fronteiriça do sul do México, encontra-se a migrante cubana Ghislayne Jiménez Moret, que contou à EFE ter pago 5.000 dólares (4.240 euros) pelo percurso desde Cuba até à Nicarágua. A partir daí, foi conduzida por outros traficantes até à fronteira mexicana com a Guatemala.

"Claro que viemos de forma ilegal. Pagámos até à Nicarágua, porque Cuba é uma ilha rodeada por mar e não tem fronteiras terrestres. Depois pagámos mais 5.000 dólares, e quando chegámos à Nicarágua havia pessoas, os chamados 'coyotes', que nos trouxeram até aqui (Tapachula), e cobram tudo em dólares", relatou Moret.

Psicóloga de profissão, a migrante disse estar a trabalhar numa fábrica de empacotamento, onde cumpre jornadas de cerca de 17 horas diárias. "Não podemos parar, temos de trabalhar todos os dias para conseguir pagar as nossas despesas", acrescentou.

Também o equatoriano Fredy Lozano relatou ter chegado a Tapachula há um ano. Durante a viagem, diferentes autoridades migratórias exigiram-lhe dinheiro em troca de passagem, uma vez que nem ele nem a sua família tinham passaporte ou visto.

"O visto permanente para circular pelo país, como não o tínhamos, e como a minha família é do Equador, cobravam-nos ainda mais", contou Lozano.

Lozano disse estar a trabalhar de forma irregular a limpar para-brisas de automóveis, enquanto aguarda pelos documentos necessários para poder sair da fronteira sul de forma legal.

A administração do Presidente dos EUA, Donald Trump, eliminou diversos programas e benefícios migratórios implementados pelo seu antecessor, Joe Biden, incluindo o pacote humanitário para Cuba, Nicarágua, Venezuela e Haiti, bem como a aplicação CBP One, que permitia agendar entrevistas para entrar legalmente nos Estados Unidos pela fronteira.

Como consequência, mais de meio milhão de pessoas ficaram num limbo legal, enquanto os tribunais avaliam a legalidade dos programas, ou viram-se diretamente em situação migratória irregular.

Trump tem procurado acelerar deportações e detenções para cumprir a promessa eleitoral de expulsar os mais de 11 milhões de migrantes indocumentados que vivem nos Estados Unidos.

Leia Também: Governo dos EUA admite "ir mais longe" contra protestos

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