Meteorologia

  • 28 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 9º MÁX 17º

"Relações UE/África marcadas por igualdade e interesses comuns"

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, defendeu hoje que a relação entre os países da União Europeia e África já não se caracteriza por "doador-donatário", mas por "igualdade e interesses idênticos".

"Relações UE/África marcadas por igualdade e interesses comuns"
Notícias ao Minuto

20:47 - 29/04/14 por Lusa

Mundo Machete

"Hoje já não é a relação do doador-donatário, mas é basicamente uma relação de igualdade em que as entidades africanas e europeias estão empenhadas num trabalho comum, em igualdade e com um esforço e interesse idênticos, numa multiplicidade de relações consoante o seu objeto", sublinhou Rui Machete, em declarações aos jornalistas no encerramento de uma conferência, em Lisboa, sobre as relações entre a União Europeia (UE) e África.

Antes, a relação entre os dois blocos era dominada por "uma certa superioridade de quem doava e uma certa modéstia de quem recebia", mas evoluiu "para uma posição clara de igualdade e idêntico empenhamento".

"Entrámos numa era em que o foco principal já não se resume à ajuda ao desenvolvimento, consubstanciando-se agora numa agenda para a mudança, no interesse partilhado em privilegiar o investimento e o comércio, na promoção do papel do setor privado na criação de emprego ou a importância do investimento na educação e qualificação profissional", sustentou.

No mesmo sentido, Fernando Jorge Cardoso, do Instituto Marquês de Valle Flor, co-organizador da conferência, sustentou que o relacionamento atual entre União Europeia e África ainda se resume muito a esta "lógica entre doador e donatário" e defendeu que "há que separar a ajuda ao desenvolvimento do diálogo político".

"As cimeiras, para serem entre iguais, não podem discutir as questões de ajuda ao desenvolvimento, porque necessariamente estão a discutir relações entre quem dá e quem recebe", sublinhou.

Na ótica da Comissão Europeia, esta relação é hoje mais ditada pela autonomia: "O sentimento de mera ajuda e dependência está erradicado", disse José Manuel Briosa e Gala, assessor do presidente da Comissão Europeia para África e para o Desenvolvimento no âmbito do G8.

Apesar de existir uma complementaridade cada vez maior, a nível social, demográfico ou económico, a Europa "ainda é o maior doador" no que diz respeito à ajuda pública - entre 2007 e 2013, foram canalizados para o continente africano 141 mil milhões de euros, 40% dos apoios totais.

"Mas a relação não se esgota nas políticas de apoio ao desenvolvimento nem nas relações comerciais", defendeu Briosa e Gala, que apontou que uma das possíveis novas fontes de receita passe pelos africanos na diáspora, através das remessas.

Desde 2012, exemplificou, "este volume financeiro ultrapassa o investimento direto estrangeiro e a ajuda ao desenvolvimento", tendo sido na ordem dos 60 mil milhões de dólares, defendendo a necessidade de criar programas de captação deste financiamento.

"Os países devem dotar-se de um quadro legal que garanta segurança nos investimentos", sublinhou ainda.

E para o antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas, Victor Ângelo, a parceria entre a UE e África "não é sobre amor, sobre eu gostar de ti ou tu gostares de mim, mas sobre interesses e preocupações comuns".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório