Resposta a ataque de Manchester "abaixo do expectável", conclui inquérito
Inquérito demonstra várias falhas na resposta das autoridades ao ataque bombista que vitimou 22 pessoas durante o concerto de Ariana Grande na Manchester Arena, em 2017.
© Reuters
Mundo Manchester
A resposta das autoridades britânicas ao ataque bombista que vitimou 22 pessoas, em Manchester, a 22 de maio de 2017, esteve "muito abaixo do expectável", concluiu um inquérito de mil páginas, revelado esta quinta-feira.
O relatório dá conta de várias falhas e erros levados a cabo pelos serviços de emergência, acusando uma falha na coordenação entre polícia, bombeiros e ambulâncias na resposta ao atentado que ocorreu no fim de um concerto da artista pop norte-americana Ariana Grande.
"Sem dúvida achavam que estavam a fazer o seu melhor, [mas] em alguns casos... o seu melhor não foi bom o suficiente", concluiu Sir John Saunders, dirigente do inquérito ao ataque bombista perpetrado por Salman Abedi, que detonou uma bomba caseira no foyer da Manchester Arena enquanto a multidão deixava um concerto de Ariana Grande, em 22 de maio de 2017.
O responsável pelo inquérito disse não ter dúvidas de que "vidas foram salvas pela resposta de emergência", mas acrescentou: "Olhando de forma geral e objetiva, o desempenho dos serviços de emergência esteve muito abaixo do padrão expectável em que devia ter estado".
Saunders disse que a Polícia da Grande Manchester (GMP, na sigla em inglês) "não liderou a resposta" da maneira que deveria. Já o Serviço de Bombeiros e Resgate da Grande Manchester (GMFRS) "não apareceu no local no momento em que poderia fornecer a maior assistência" e o Serviço de Ambulâncias do Noroeste (NWAS, na sigla em inglês) "não conseguiu enviar paramédicos suficientes" para o local e "não usou macas disponíveis para remover as vítimas de maneira segura".
Erros e mais erros
Citado pela BBC, Ron Blake - que ligou ao 999 (equivalente britânico ao 112) apenas meio minuto após a explosão - decidiu tornar público o relato de como lutou por salvar uma das vítimas deste ataque bombista, acusando "vários erros".
Blake, apesar dos seus próprios ferimentos, dedicou-se a tentar salvar a vida de John Atkinson, de 28 anos, que acabaria por falecer vítima de uma paragem cardíaca. O sobrevivente começou por revelar que Atkinson não foi atendido por nenhum paramédico durante 47 minutos, o que lhe pareceu "uma eternidade".
O próprio John Saunders admitiu que os ferimentos de John Atkinson eram passíveis de "sobrevivência", mas o jovem não recebeu o "tratamento e cuidados que deveria". "Parte dos erros tiveram consequências graves e, no caso de Atkinson, fatais para os diretamente afetados pela explosão", disse.
O inquérito revelou que os bombeiros só chegaram à Manchester Arena duas horas após a detonação. Nos primeiros 40 minutos, apenas um paramédico entrou na cena da explosão e a GMP não declarou o evento como um 'incidente grave' durante mais de duas horas.
Ao coro de críticas juntou-se o pai de Saffie-Rose Roussos, a mais jovem vítima deste atentado, com apenas 8 anos de idade, que considerou a resposta das autoridades como "vergonhosa" e "inadequada".
Sobre este caso específico, no entanto, John Saunders argumenta que "havia apenas uma remota possibilidade de que [Saffie-Rose] pudesse ter sobrevivido com tratamento e cuidados diferentes", lamentando ainda assim a sua morte.
O relatório em questão concluiu que, das 22 vítimas mortais deste atentado, 20 sofreram ferimentos dos quais não era possível sobreviver.
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