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África. Integração regional é solução num mundo cada vez mais polarizado

A integração regional de África é a solução para o continente num mundo cada vez mais polarizado, concordaram hoje analistas num debate virtual, em que divergiram no entanto na forma de concretizar essa integração.

África. Integração regional é solução num mundo cada vez mais polarizado
Notícias ao Minuto

18:17 - 10/08/22 por Lusa

Mundo África

No debate, sobre "Como irão as convulsões globais afetar África?" e organizado pelo Instituto de Estudos de Segurança (ISS, na sigla em inglês), sediado em Pretoria, Jakkie Cilliers, líder do departamento de Futuros e Inovação Africana do instituto, apresentou cenários possíveis para a ordem mundial, dependendo se o mundo caminha mais para o multilateralismo ou o regionalismo/nacionalismo, por um lado, e se se preocupa mais com sustentabilidade ou o crescimento económico.

Na sua intervenção, Cilliers questionou qual será a posição de África num mundo cada vez mais polarizado.

"Gostamos de dizer em África que ficamos fora das lutas, porque precisamos do apoio do Ocidente, da China, queremos dar-nos bem com todos e às vezes virar uns contra os outros. Mas num mundo muito dividido -- chamo-lhe bipolaridade com esteroides -- isso será possível?", interrogou-se.

Exemplificando com as pressões da China sobre Taiwan, da Rússia sobre a Ucrânia, mas também do Ocidente, Cilliers defendeu que "a forma de maximizar a influência de África é a integração".

A especialista do ISS acrescentou que, nos cenários do seu estudo, a agricultura é o setor com maior potencial para desbloquear o potencial de África nos próximos 10 anos, mas quando se olha a 20 anos, "a implementação total da Zona de Comércio Livre Continental Africana [AfCFTA, na sigla em inglês] é um pré-requisito para o crescimento".

"O continente não crescerá se não desenvolver o seu mercado", afirmou.

Para Jonathan Moyer, diretor do Centro Frederick S. Pardee para Futuros Internacionais da Universidade de Denver, nos Estados Unidos da América (EUA), "se África quiser fazer mais para ditar o seu futuro deve trabalhar mais como se fosse um país".

"Senão as influências estrangeiras, França, China, EUA, serão eles a ditar o seu futuro", lembrou.

Alertou que também as alterações climáticas influenciarão o futuro de África, assim como a violação das normas de integridade territorial, iniciada com a invasão russa da Ucrânia e que abre um precedente perigoso para outros conflitos regionais, nomeadamente em África.

Para Moyer, "a única forma de reagir será mais centralização política".

No entanto este especialista discorda que essa centralização se consiga através da redução das tarifas comerciais entre países africanos, que é o maior foco da AfCFTA.

"Para construir um futuro, tem de haver solidariedade, desenvolvimento inclusivo, boa governação", afirmou.

Hannah Ryder, fundadora e presidente da consultora Development Reimagined, sediada em Pequim, concordou "que é muito importante continuar a fomentar a integração regional, que vai muito além das tarifas comerciais", mas sublinhou que a integração comercial "ajudará a economia africana a lidar com todos os cenários", como se viu com a pandemia de covid-19.

O debate de hoje foi o primeiro de uma série organizada pelo ISS sobre o futuro de África. Os próximos serão sobre a relação de África com a Ásia, com o Ocidente e consigo mesma.

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