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Birmânia. Tráfico ilegal de animais selvagens disparou após golpe militar

O tráfico ilegal de animais selvagens na Birmânia disparou desde o golpe militar ocorrido há um ano, revela o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que estima um aumento de 74% em apenas um ano.

Birmânia. Tráfico ilegal de animais selvagens disparou após golpe militar
Notícias ao Minuto

11:55 - 30/04/22 por Lusa

Mundo Birmânia

O Facebook é uma das plataformas mais usadas para o tráfico ilegal de animais selvagens e até em vias de extinção, como é o caso dos elefantes e crias de urso, segundo um relatório do WWF, citado pela agência de notícias EFE.

O relatório do WWF indica que só no ano passado, o tráfico de animais na Birmânia aumentou 74% em relação a 2020, com 173 espécies diferentes vendidas, mais 30 do que no ano anterior.

"O comércio online de vida selvagem na Birmânia está a intensificar-se", disse Shaun Martin, chefe do projeto de comércio de vida selvagem da Ásia-Pacífico da WWF, citado pela EFE.

Shaun Martin alertou também para a "importância global da biodiversidade da Birmânia".

O aumento é particularmente significativo para os mamíferos, cujas vendas aumentaram 241%, incluindo animais criticamente ameaçados, como o pangolim de Sunda, vendido para carne, bem como elefantes, cuja pele é utilizada para joias, e filhotes de urso, anunciados como animais de estimação.

"A crise política pode ter exacerbado o comércio ao reduzir a capacidade das autoridades birmanesas para fazer cumprir as proteções legais para a vida selvagem e ambiente natural do país", lê-se no relatório, referindo-se à situação caótica que se vive no país após o golpe.

As estatísticas começam por mostrar uma forte queda nos anúncios de vendas entre fevereiro e abril de 2021, quando a junta militar tomou o poder (em 01 de fevereiro) e restringiu o acesso à internet para abafar a dissidência.

Mas, a partir de maio, multiplicam-se as divulgações nos meios de comunicação social, com o país mergulhado numa crise económica e política em que os militares liderados pelo General Min Aung Hlain se concentraram na consolidação do poder face à oposição de manifestantes e grupos armados de minorias étnicas.

A WWF também argumenta que as restrições da internet se concentraram nas regiões mais problemáticas e que muitos utilizadores estão habituados a utilizar sistemas VPN, que permite ligar à rede de outro país e evitar restrições governamentais.

Os números do WWF surgem quatro anos após o governo então chefiado por Aung San Suu Kyi (presa desde o golpe) ter aprovado a primeira lei de proteção da vida selvagem para refrear a venda em qualquer mercado ou o tráfico abundante para a China de produtos feitos de animais selvagens.

Com as autoridades esmagadas pela instabilidade política, os vendedores publicitam livremente os animais protegidos em grupos abertos no Facebook.

Além da perda de biodiversidade, o responsável da WWF alertou para o facto de o tráfico destas espécies em condições insalubres desencadear o risco de transmissão de doenças de animais para seres humanos, como se especula que terá acontecido com o vírus da covid-19.

Leia Também: Junta militar em Myanmar propõe conversações de paz com grupos armados

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