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Pretória não justifica a guerra apesar de abstenção em votação na ONU

A África do Sul, aliada histórica da Rússia e parceiro no bloco BRICS (que junta também Brasil, Índia e China), assegurou que não justifica a "intervenção militar" da Rússia na Ucrânia, apesar da abstenção na última votação na ONU.

Pretória não justifica a guerra apesar de abstenção em votação na ONU
Notícias ao Minuto

16:17 - 08/04/22 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"Gostaria de deixar claro que a África do Sul não é indiferente ao sofrimento do povo na Ucrânia, nem somos indiferentes ao conflito", disse hoje a chefe da diplomacia sul-africana, Naledi Pandor, numa conferência de imprensa.

"A nossa posição não alinhada não significa que justificamos a intervenção militar da Rússia na Ucrânia, que violou o Direito Internacional", acrescentou.

A ministra fez estas declarações depois da abstenção do seu país na votação realizada quinta-feira, nas Nações Unidas, para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos pelas graves "violações" cometidas na Ucrânia.

Pandor defendeu que a África do Sul defende um "diálogo real" entre as partes e destacou a duplicidade de critérios que a comunidade internacional está a aplicar a este conflito face, por exemplo, à ocupação dos territórios palestinianos por Israel.

"As Nações Unidas não podem ser usadas de forma partidária", enfatizou Pandor.

Crítica da forma como a ONU lida com a crise, a ministra lamentou que "quando um país que faz parte de um conflito deste tipo" é atirado para as "margens" dos órgãos internacionais, "o nível e a oportunidade" de que não possa ser responsabilizado por violações que cometa é, para a África do Sul, muito grande.

"Estamos muito preocupados que quanto mais marginalizado você se torna, piores podem ser os seus crimes", advertiu.

"Acreditamos que deve ser defendida a cessação das hostilidades (...) Pode ser muito bom votar sim, mas faz avançar? Ajuda?", argumentou.

Embora em 24 de fevereiro passado, quando começou a invasão russa da Ucrânia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da África do Sul tenha pedido publicamente a "retirada" imediata das tropas russas através de um comunicado - sem, no entanto, condenar explicitamente a operação -, nas semanas seguintes Pretória suavizou a sua posição.

No início de março, apesar das duras críticas da opinião pública sul-africana e da imprensa local contra a posição equidistante do executivo sul-africano, o país também já se tinha abstido na votação da Assembleia Geral da ONU para condenar a invasão russa, assim como muitas outras nações africanas.

Essa posição está relacionada não apenas ao papel estratégico, político e económico que a Rússia tem para grande parte de África, mas também por razões históricas como o apoio de Moscovo aos movimentos de libertação dos povos africanos no século XX e a luta contra o sistema segregacionista do 'apartheid' na própria África do Sul.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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