Brasil justifica abstenção na ONU: "Comissão deve completar investigação"
O Brasil justificou a abstenção na resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos porque entende que se deve esperar pelas conclusões da comissão de inquérito criada anteriormente sobre os crimes de guerra cometidos na Ucrânia.
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Mundo Ucrânia/Rússia
"O Brasil decidiu abster-se pois acredita que a comissão deve completar a investigação para que as responsabilidades possam ser estabelecidas", afirmou o embaixador brasileiro nas Nações Unidas, Ronaldo Costa Filho, ao anunciar a intenção de voto, segundo o portal Uol Notícias.
Para o Brasil o importante é que não se tomem medidas que possam minar um possível diálogo para pôr fim à guerra.
Durante o discurso, o embaixador brasileiro apelou ainda à contribuição de todos os países na comissão criada em março para que a "Assembleia possa refletir e tomar uma decisão responsável sobre a permanência da Rússia no Conselho".
"O Brasil está comprometido em encontrar formas de cessar as hostilidades imediatamente, promover um diálogo real em busca de uma solução sustentável e pacífica, garantindo respeito pelos direitos humanos e pelo direito humanitário", disse.
Ainda assim, na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, emitiu uma nota, na qual indica que "recebeu, com grande consternação, as notícias e imagens de violência contra civis e de elevado número de mortos, muitos dos quais com sinais de tortura e maus-tratos, na localidade de Bucha, na Ucrânia".
"Como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil permanece plenamente engajado nas discussões com vista à imediata cessação das hostilidades e à promoção de diálogo conducente a solução pacífica e duradoura, em consonância com a tradição diplomática brasileira, a Carta das Nações Unidas e o Direito internacional", sublinhou.
A Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou hoje, por 93 votos a favor, uma resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a alegados crimes de guerra e crimes contra humanidade na Ucrânia.
A resolução, apresentada pelos Estados Unidos (EUA) obteve 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções entre os 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
Votaram contra o texto países como a Rússia, Bielorrússia, China, Cuba, Síria, Coreia do Norte, Nicarágua ou Irão, e entre os países que se abstiveram estão Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Índia ou México.
Dos países lusófonos, apenas Portugal e Timor-Leste votaram a favor e o voto de São Tomé e Príncipe e da Guiné Equatorial não foram registados, segundo o placar da votação apresentado na Assembleia-Geral.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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