Abdurrahman Tutdere, presidente da câmara de Adiyaman, e Zeydan Karalar, que dirige o município de Adana, foram detidos em rusgas de manhã cedo, segundo a agência de notícias Anadolu.
O presidente do município de Antalya, Muhittin Bocek, foi detido com dois outros suspeitos no âmbito de uma investigação separada sobre subornos levada a cabo pela Procuradoria-Geral local.
Trata-se de membros do Partido Republicano do Povo (CHP, na sigla em turco), principal partido da oposição ao regime do Presidente Recep Tayyip Erdogan.
Karalar foi detido em Istambul e Tutdere na capital, Ancara, onde tem uma casa.
Tutdere publicou nas redes sociais que estava a ser levado para Istambul, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
Tutdere e Karalar juntam-se a uma lista crescente de figuras da oposição detidas desde que o presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, foi preso em março.
Dez pessoas, incluindo Karalar e Tutdere, foram detidas no âmbito de uma investigação da Procuradoria-Geral de Istambul sobre alegações de crime organizado, suborno e fraude em concursos.
Os pormenores das acusações contra Tutdere e Karalar não foram imediatamente divulgados pelos procuradores, mas a operação segue-se às detenções de vários funcionários de municípios controlados pelo CHP nos últimos meses.
Imamoglu, considerado por muitos como o principal adversário de Erdogan, que governa a Turquia há 22 anos, foi preso há quatro meses devido a alegações de corrupção.
O antigo presidente do CHP de Esmirna, a terceira maior cidade da Turquia, e 137 funcionários municipais foram detidos no início da semana no âmbito de uma investigação sobre alegadas fraudes em concursos públicos.
Na sexta-feira, o ex-presidente de câmara Tunc Soyer e 59 outras pessoas foram detidos enquanto aguardam julgamento.
O advogado de Soyer disse tratar-se de "uma decisão claramente injusta, ilegal e politicamente motivada".
Também na sexta-feira, os meios de comunicação social estatais noticiaram a detenção do presidente do CHP de Manavgat, uma cidade turística mediterrânica na província de Antalya, e de 34 outras pessoas por alegada corrupção.
Os dirigentes do CHP têm sido alvo nos últimos meses de uma vaga de detenções que muitos consideram ter por objetivo neutralizar o principal partido da oposição turca.
O Governo insiste que os procuradores e o poder judicial atuam de forma independente, mas a detenção de Imamoglu, em Istambul, deu origem aos maiores protestos de rua a que a Turquia assistiu em mais de uma década.
Imamoglu foi oficialmente nomeado candidato presidencial do CHP após a detenção.
As próximas eleições na Turquia estão previstas para 2028, mas poderão ocorrer mais cedo.
A repressão ocorre um ano depois de o CHP ter obtido ganhos significativos nas eleições autárquicas.
Adiyaman, que foi gravemente afetada pelo terramoto de 2023, foi uma das várias cidades anteriormente consideradas bastiões de Erdogan a cair nas mãos da oposição.
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