Exército do Kuwait autoriza mulheres no combate, mas sem armas
Segundo o Ministério da Defesa, as mulheres terão de ter autorização de um 'responsável' do sexo masculino para poderem empunhar armas.
© Getty Images
Mundo Kuwait
O Kuwait autorizou que as mulheres ingressassem no exército, em lugares de combate, mas sem armas. Naquilo que as ativistas descrevem como “um passo à frente e dois para trás”, as mulheres terão de ter autorização de um ‘responsável’ masculino para poderem empunhar uma arma. Ao contrário da população em geral, serão também obrigadas a cobrir a cabeça.
“Não sei por que é que há estas restrições para ingressar no exército. Temos todo o tipo de mulheres a trabalhar em todas as áreas, incluindo nas forças policiais”, disse Ghadeer al-Khashti, professora de desporto e membro do comité feminino da Kuwait Football Association, à AFP.
A sua mãe terá ajudado a resistência durante a invasão do ditador iraquiano Saddam Hussein, em 1990, costumando “esconder armas por baixo da sua abaya”, o que, assegurou, era encorajado pelo companheiro.
“Não entendo com que base é que veem as mulheres como fracas”, complementou.
Recorde-se que, em outubro do ano passado, o Ministério da Defesa autorizou que as mulheres ocupassem lugares de combate, dando um passo atrás quando questionado pelo deputado conservador Hamdan al-Azmi. Servindo-se dos princípios religiosos do islamismo, este argumentou que ter mulheres em lugares de combate vai “contra a natureza da mulher”.
Lulwa Saleh al-Mulla, presidente da Women Cultural and Social Society, rematou que as restrições são discriminatórias e inconstitucionais, ameaçando ação legal contra a entidade.
“Temos mulheres mártires que defenderam o país pela sua própria vontade. Ninguém as obrigou, [sendo movidas] pelo amor pelo seu país. Somos um país muçulmano, é verdade, mas exigimos que as leis não sejam condicionadas [pelos princípios religiosos]. A liberdade individual está garantida na constituição, na qual as leis se baseiam”, defendeu.
O Kuwait é encarado como um dos países mais progressistas do Golfo Pérsico, onde as mulheres conseguiram o direito ao voto em 2005, tendo representação no governo desde então, ainda que limitada.
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