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Sudão: Novos protestos para exigir regresso dos militares aos quartéis

As forças de segurança sudanesas usaram novamente hoje granadas de gás lacrimogéneo em Cartum para dispersar milhares de manifestantes que exigiam justiça pelas dezenas de mortos na repressão desencadeada pelos militares desde o golpe de Estado de outubro.

Sudão: Novos protestos para exigir regresso dos militares aos quartéis
Notícias ao Minuto

15:21 - 07/02/22 por Lusa

Mundo Sudão

Os disparos atingiram manifestantes que estavam concentrados perto do palácio presidencial, centro nevrálgico do novo poder que está nas mãos do chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhane.

Os manifestantes exigiram aos militares que "regressem aos seus quartéis" e pediram a dissolução das Forças de Apoio Rápido, testemunharam correspondentes da agência AFP.

Este grupo paramilitar, comandado pelo número dois do regime, Mohammed Hamdan Daglo, conhecido como Hémedti, é acusado por organizações de direitos humanos de cometer atrocidades.

Com o golpe de 25 de outubro, o general Al-Burhane interrompeu o processo de devolução do poder aos civis, prometido há mais de dois anos após a queda do ditador Omar al-Bashir, demitido pelo exército sob a pressão das ruas.

A partir dos subúrbios de Oumdurman e Cartum Norte, os manifestantes exigiram justiça pelos 79 mortos na repressão, segundo um sindicato de médicos pró-democracia.

As autoridades sudanesas têm negado repetidamente o uso de munição real contra manifestantes, assinalando que dezenas de agentes de segurança ficaram feridos e um general da polícia foi morto.

Em Madani, 200 quilómetros a sul da capital, mais de 3.000 pessoas manifestaram-se contra os golpistas, à semelhança de idênticos protestos em Gedaref e Port-Sudan, na costa leste do país.

Empunhando bandeiras nacionais, os manifestantes gritaram palavras de ordem "não, não ao poder militar!" e "sangue por sangue", segundo testemunhas.

Ainda privado de ajuda internacional em retaliação ao golpe, o Sudão, um dos países mais pobres do mundo, está cada vez mais dividido entre os que são favoráveis às forças armadas e os que contestam o golpe.

Em 2019, após trinta anos de ditadura de Omar al-Bashir, os civis optaram por partilhar o poder com o exército, que têm estado quase sempre no controlo do país desde a independência, em 1956, mas desde outubro de 2021 os setores pró-democracia recusam qualquer colaboração com os militares.

No sábado, os partidários do poder militar denunciaram a "interferência estrangeira" e reiteraram "apoio" ao exército, numa manifestação durante a qual os participantes atacaram vários jornalistas, segundo a AFP.

A ONU iniciou recentemente reuniões para um eventual diálogo para colocar de novo o processo de transição a andar e, dessa maneira, desbloquear os apoios dos doadores internacionais.

Embora profundamente divididos, os dois lados concordam num ponto: rejeitam a possibilidade de diálogo defendido pela ONU.

Os pró-exército querem consolidar o 'status quo' pós-golpe enquanto os pró-democracia opõem-se a qualquer parceria com os generais.

Os Estados Unidos, que suspenderam o desbloqueio de 700 milhões de dólares (cerca de 610 milhões de euros) em ajuda ao Sudão devido ao golpe, alertaram recentemente que a repressão contínua por parte das autoridades teria "consequências".

A secretária de Estado adjunta dos EUA, Molly Phee, ameaçou "fazer os líderes militares pagarem um custo ainda maior se a violência continuar".

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