UE volta a ter presença física no Afeganistão, mas não reconhece regime
Os talibãs voltaram a governar o país depois de duas décadas e o país mergulhou numa das piores crises humanitárias do mundo.
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Mundo Afeganistão
Cerca de seis meses depois dos talibãs retomarem o controlo do Afeganistão, a União Europeia é o primeiro poder ocidental a voltar a ter uma presença física no país. O anúncio foi feito, esta sexta-feira, pelo porta-voz para os assuntos estrangeiros da Comissão Europeia.
"A UE começou a restabelecer uma presença mínima de staff internacional para facilitar o apoio humanitário e monitorizar a situação humanitária", disse o porta-voz, Peter Stano, segundo a agência Reuters.
Stano salientou que, apesar do acordo com o governo de Cabul para reabrir uma embaixada europeia, a presença "não deve ser vista como um reconhecimento" da legitimidade dos talibãs. "Isto foi comunicado de forma claro com as autoridades em causa", acrescentou.
A notícia surge no mesmo dia em que uma delegação de talibãs chegou à Finlândia para falar com representantes da sociedade civil afegã e europeus.
Poucos países reconhecem o regime talibã como um governo legítimo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, mas a frágil situação humanitária no Afeganistão tem obrigado a um retomar da diplomacia.
As sanções económicas, a fraca economia e o congelamento das contas dos talibãs, além do impacto da guerra, levaram a uma das piores crises humanitárias no mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas, cerca de 23 milhões de afegãos estão a passar fome - o que equivale a 55% da população.
Os dados do Banco Mundial são ainda mais tenebrosos: cerca de 97% da população afegã está abaixo da linha internacional da pobreza, que se situa em 1,90 dólares por dia.
Em agosto, depois de uma fulminante ofensiva, aproveitando a saída das tropas norte-americanas da região, os talibãs voltaram a assumir o controlo do país e do governo.
Desde então, o regime talibã voltou a impor a Sharia, um sistema jurídico baseado numa interpretação conservadora e rigorosa do Corão. As mulheres foram o grupo mais afetado, deixando de poder estudar e trabalhar sem a permissão de representantes masculinos na família, depois de duas décadas em que a educação no Afeganistão abriu as portas à educação para raparigas.
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