Numa nota, a CIDH e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para a América Central e República Dominicana (OHCHR) pediram ao candidato a uma nova reeleição que "elimine os obstáculos à plena participação de todos" nas eleições presidenciais.
As duas organizações observaram "a intensificação da repressão e os efeitos sobre os direitos humanos e as liberdades fundamentais, no âmbito do processo eleitoral na Nicarágua".
No próximo domingo, a Nicarágua vai a votos para escolher o novo Presidente da República, com Daniel Ortega a recandidatar-se pela quarta vez consecutiva desde 1985, num processo praticamente vedado a setores da oposição com possibilidades reais de disputa e por entre denúncias de autoritarismo.
Entre vários atos de repressão, a CIDH e o OHCHR salientaram "a extinção do estatuto jurídico de três partido políticos e a detenção arbitrária de sete candidatos à presidência", todos da oposição, o que "eliminou o pluralismo político que o Governo era obrigado a garantir no próximo processo eleitoral.
Hoje, a Nicarágua iniciou o período de reflexão eleitoral, três dias antes da votação, na qual Daniel Ortega é o favorito a obter o quinto mandato consecutivo.
O Conselho Supremo Eleitoral (CSE) declarou hoje ser o primeiro de três dias de "silêncio eleitoral", que antecedem as eleições, em que se prevê eleger o Presidente e o Vice-Presidente da República, 90 deputados para a Assembleia Nacional e 20 para o Parlamento Centro-Americano (Parlacen).
A partir de hoje, os candidatos estão proibidos de fazer propaganda política, comícios e de apelar aos votos dos eleitores.
Nas eleições participam uma aliança liderada pelo partido no poder Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o Partido Liberal Constitucionalista (PLC), o Partido Liberal Independente (PLI), a Aliança Liberal da Nicarágua (ALN), a Via Cristã da Nicarágua (CCN), Aliança pela República (Apre) e o Yatama (Filhos da Mãe Terra, na língua misquita).
Na terça-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse que as eleições presidenciais na Nicarágua, marcadas para o próximo domingo, são "totalmente falsas" e que não espera um "resultado legítimo".
Durante um encontro com a imprensa estrangeira no Peru - onde chegou na segunda-feira, na sua primeira visita à América Latina enquanto Alto Representante da UE para a Política Externa - Borrell defendeu que a situação na Nicarágua é "uma das mais graves atualmente" em todo o continente, tornando-se uma preocupação ainda maior para a Europa do que as próximas eleições locais e regionais que ocorrerão na Venezuela.
"Estou mais preocupado com a Nicarágua, com que haja eleições totalmente falsas. Não vamos enviar nenhuma missão de observação eleitoral porque o sr. Ortega já prendeu todos os opositores políticos que concorreram às eleições. Não podemos esperar que esse processo produza um resultado legítimo", disse Borrell.
Leia Também: Repórteres sem Fronteiras denunciam "cocktail de censura" na Nicarágua