"Os nossos observadores viram que as candidatas, em particular, foram submetidas a intimidações e ameaças", disse a chefe da missão da União Europeia (UE), a alemã Viola von Cramon, numa conferência de imprensa realizada hoje para apresentar o relatório preliminar sobre as eleições.
A eurodeputada salientou que, segundo informações obtidas pela sua equipa, houve pressões de "grupos armados não estatais" contra candidatos e eleitores, especialmente durante a campanha, o que "pode ter afetado a escolha dos eleitores".
"Não é aceitável em nenhuma sociedade que uma candidata seja aconselhada a esconder-se depois do anúncio dos resultados porque a sua vida corre perigo", acrescentou.
Viola von Cramon lamentou ainda que, dos mais de 3.200 candidatos que concorreram às eleições, apenas 951 fossem mulheres, ou seja, 29,3%.
Nesse sentido, lembrou que a Constituição iraquiana estabelece uma cota mínima de 25% de representação das mulheres no parlamento, algo cujo cumprimento "é dificultado pela falta de clareza nas disposições legais".
A eurodeputada lamentou também a "baixa afluência" nas urnas de votação, onde foi registado um mínimo histórico ao ter votado apenas 41% da população e sublinhou que "a ausência de eleitores é uma mensagem clara à elite política".
Estas eleições legislativas, as quintas realizadas desde a queda do ditador Saddam Hussein, em 2003, e as primeiras antecipadas, foram convocadas em resposta aos protestos que abalaram o Iraque em outubro de 2019 para pedir melhores serviços e acabar com a corrupção endémica.
Por sua vez, o chefe da delegação de observadores do Parlamento Europeu, o espanhol Domènec Ruiz, disse à agência de notícias espanhola Efe que a sua missão está "satisfeita com o processo" do dia eleitoral, já que "não houve nenhum incidente ou tentativa visível de fraude ou de manipulação da votação".
A União Europeia contou com um total de 100 observadores nestas eleições, incluindo sete do Parlamento Europeu, e irá publicar, até daqui a dois meses, um relatório detalhado dos resultados da observação durante a campanha, a votação e o período pós-eleitoral.
O líder xiita Moqtada al-Sadr reivindicou, na segunda-feira, a vitória do seu partido político nas eleições, com uma subida considerável do número de deputados - mais 70 lugares em 329 - em relação às eleições anteriores, segundo os resultados preliminares.
Leia Também: Fação de líder xiita Al-Sadr reivindica ser partido mais votado no Iraque