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Itália debate sobre concessão da nacionalidade por méritos desportivos

A proposta de conceder a nacionalidade aos menores prometedores na área do desporto, após as medalhas conquistadas nas Olimpíadas de Tóquio por italianos de origem estrangeira, abriu o debate em Itália e está a dividir os parceiros de Governo.

Itália debate sobre concessão da nacionalidade por méritos desportivos
Notícias ao Minuto

15:37 - 10/08/21 por Lusa

Mundo Jogos Olímpicos

Apresentada pelo presidente do Comité Olímpico Italiano, Giovanni Malagò, em Tóquio, durante os Jogos Olímpicos 2020, a ideia é que se acelerem os procedimentos de naturalização para os desportistas estrangeiros que tenham nascido ou residam em Itália há anos.

Malagò recordou o caso de Eseosa Desalu, de ascendência nigeriana, vencedor de uma medalha de ouro com a equipa masculina italiana na prova de 4.100 metro em atletismo e que, apesar de ter nascido e crescido em Itália, não pôde obter a nacionalidade até completar 18 anos.

"Se esperarmos até aos 18 anos para obter a naturalização, arriscamo-nos a perder a pessoa. Peço que se antecipe o processo burocrático, que é infernal. Caso contrário, o risco é que o desportista se retire, ou se apresente pelo seu país de origem, ou que cheguem outros países que estudam a prática e a tramitem. Corremos o risco de perder muitos destes atletas", disse Malagò na abertura do debate.

A lei que introduziria, entre outros casos, o chamado "jus soli desportivo" encontra-se atualmente bloqueada no parlamento com a clara oposição dos partidos de direita como a Liga, que faz parte da coligação que apoia do primeiro-ministro, Mario Draghi.

Numa entrevista hoje publicada no diário La Stampa, a ministra do Interior italiana, Luciana Lamorgese, desejou que possa haver um acordo sobre esta matéria entre as forças políticas, mas também estendido a outros menores nascidos em Itália.

"Quando vemos estes jovens olímpicos que honraram o nosso país, pensamos que as palavras de Malagò fazem sentido. Estes jovens devem sentir-se parte integrante da sociedade", disse a ministra.

Às palavras de Lamorgese reagiu o líder da Liga, de extrema-direita, Matteo Salvini, que acusou a ministra de "delirar".

"Em vez de delirar sobre o 'jus soli' (nacionalidade por nascimento no país), dado que, pela lei atual, somos o país europeu que, nos últimos anos, atribuiu mais cidadanias, a ministra do Interior deveria controlar quem entra ilegalmente em Itália. Há dezenas de milhares de desembarques organizados por traficantes, sem que o ministério mexa um dedo", atacou Salvini.

Simultaneamente, o subsecretário do Interior e membro da Liga, Nicola Molteni, afirmou: "O 'jus soli' não passará nunca. A Liga compromete-se a que tal não aconteça".

Por sua vez, o Partido Democrata (PD) aproveitou o debate para relançar a sua proposta de introduzir a naturalização por nascimento.

"As Olimpíadas mais não fizeram que confirmar o que vimos a repetir há muito tempo: o 'jus soli' já existe de facto, está na sociedade, nas escolas, está entre as nossas crianças. Agora, a política e as instituições têm o dever de adaptar-se a estas transformações", sustentou.

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