Bolívia pede punição dos responsáveis pelo "golpe de Estado" de 2019
O Presidente da Bolívia Luis Arce considerou hoje os responsáveis pelo "golpe de Estado" de 2019 contra o antigo chefe de Estado Evo Morales, ajudados por "cúmplices internacionais", devem ser "punidos".
© Getty Images
Mundo Luis Acre
"No quadro as nossas competências, não deixaremos de exigir que os autores do golpe de Estado sejam perseguidos e punidos", declarou Acre no decurso de uma reunião das duas câmaras do Congresso que celebrou a independência da Bolívia, em 06 de agosto de 1825.
O Presidente boliviano insistiu que todos os envolvidos no que designa por golpe de Estado "devem responder perante a justiça pelos atos ilegais, ilegítimos e violentos que perpetraram", suscitando protestos nas bancadas da oposição.
Na perspetiva do Movimento em direção ao Socialismo (MAS) -- o partido de Acre que venceu as presidenciais e legislativas de outubro de 2020, com maioria absoluta --, o afastamento de Evo Morales, que dirigiu a Bolívia entre 2006 e 2019, após uma última eleição contestada pela oposição, foi resultado de um "golpe de Estado" civil, militar e policial.
A justiça boliviana já colocou em prisão preventiva a ex-presidente de direita, Jeanine Añez, que substituiu Morales interinamente, e ainda diversos dos seus ministros e antigos dirigentes das Forças Armadas e da polícia.
Jeanine Añez prestou juramento como presidente interina em novembro de 2019, dois dias após a demissão de Evo Morales, que se tinha proclamado vencedor das presidenciais onde se apresentou para um quarto mandato, mas com a oposição a denunciar uma fraude eleitoral.
Na sequência de uma vaga de manifestações e contramanifestações com um balanço de pelo menos 35 mortos, Morales, confrontado com a adesão das hierarquias do exército e polícia à oposição de direita, demitiu-se e refugiou-se no México e de seguida na Argentina, ao considerar que a sua vida corria perigo.
Regressou à Bolívia após a vitória de Acre, o seu sucessor político, nas presidenciais de outubro de 2020.
O novo Presidente boliviano também considerou que os autores do "golpe de Estado" tinham "cúmplices internacionais", e garantiu que governos de direita na América do Sul, a delegação da União Europeia (UE) em La Paz, a Igreja católica e os antigos presidentes de direita Carlos Mesa (2003-2005) e Jorge Quiroga (2001-2002), estiveram envolvidos na conspiração para afastar Evo Morales do poder e garantir a designação de Añez.
A UE já desmentiu firmemente esta acusação.
Nas redes sociais, o ex-chefe de Estado Carlos Mesa lamentou hoje que o novo Presidente não cumpra "a sua promessa de promover um espaço de reconciliação e de paz", pelo facto de permanecer sob a influência de Evo Morales "e a sua obsessão por garantir o poder a todo o custo".
A comemoração nacional de hoje foi precedida, na quinta-feira, por confrontos de rua na capital La Paz entre apoiantes do Governo e da oposição.
PCR // RBF
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