Berço da rebelião contra o regime de Bashar al-Assad em 2011, Deraa foi retomada no verão de 2018 pelas forças governamentais, mas devido a um acordo inédito, os rebeldes foram autorizados a permanecer, com alguns a alistarem-se no exército ou mantendo o controlo de diversas zonas da província.
Desde essa data que este setor é regularmente alvo de atentados e ataques contra as forças governamentais.
As tensões atingiram hoje um novo limiar, e a região registou os "confrontos mais violentos desde que permanece sob controlo do regime", indicou a organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que se referiu a cinco crianças entre as pessoas mortas.
Uma mulher, o seu filho e três outros jovens foram mortos por obuses das forças governamentais na localidade de Al-Yadudah, a noroeste de Deraa, revelou a ONG, com sede em Londres mas que desde o início do conflito em 2011 possui uma rede de colaboradores no terreno.
Uma outra criança e dois homens foram mortos em outros setores de Deraa, acrescentou.
Os combates foram desencadeados por disparos de obuses pelas forças do regime e que tentavam progredir no terreno para tomar de assalto Deraa al-Balad, um grande bairro na posse de antigos rebeldes.
Em represália, o campo adverso desencadeou um contra-ataque e conquistou diversas posições do regime na província, capturando cerca de 40 combatentes pró-Damasco, segundo a OSDH.
No total, 23 pessoas foram hoje mortas na província, situada junto à fronteira com a Jordânia e Israel, e onde diversas regiões usufruem de relativa autonomia.
Segundo a agência noticiosa oficial síria Sana, que denunciou a morte de dois civis, incluindo uma criança, "por grupos armados", o exército "deslocou-se para diversas zonas vizinhas de Deraa al-Balad para reforçar a segurança", e acusou os combatentes locais de prosseguirem os ataques contra soldados e civis.
Em março, homens armados em Deraa mataram 21 soldados sírios numa emboscada.
Ainda hoje, o diário pró-regime Al-Watan referiu-se ao "início de uma operação militar contra os terroristas" que "sabotaram o acordo de reconciliação", numa referência às iniciativas negociadas pelo regime com os rebeldes após a reconquista da região.
A guerra na Síria já provocou cerca de 500 mil mortos desde 2011, para além de milhões de deslocados e refugiados.
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