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Suspensa no Chile a sessão para discussão da nova Constituição

Um grupo de representantes políticos chilenos, ligados aos protestos sociais de 2019, suspendeu hoje a sessão para iniciar a redação da nova Constituição do Chile, exigindo o fim da repressão policial e pedindo a libertação dos manifestantes detidos.

Suspensa no Chile a sessão para discussão da nova Constituição
Notícias ao Minuto

19:59 - 04/07/21 por Lusa

Mundo Chile

O protesto levou à suspensão temporária da reunião."Queremos fazer uma celebração da democracia e não um problema, vamos suspender a sessão por alguns minutos", disse a relatora do Tribunal Eleitoral, Carmen Gloria Valladares.

Gritando "Chega de repressão", parte dos 155 cidadãos eleitos para redigir a nova constituição recusaram sentar-se enquanto o hino tocava no início da cerimónia da primeira sessão da convenção, como uma demonstração de apoio às centenas de pessoas que se manifestavam fora do antigo Congresso Nacional e que foram dispersas pela polícia.

"Temos familiares que vieram para nos acompanhar e que estão a ser reprimidos pela Polícia. No momento mais belo da nossa história, mais uma vez, o Estado está a comportar-se abominavelmente", disse a constituinte Elsa Labraña, da Lista do Povo, um grupo de cidadãos de esquerda independentes.

"Não vamos iniciar a cerimónia até que nos garantam que lá fora vão parar de reprimir o nosso povo", acrescentou a mulher, que saiu para apoiar a marcha.

Horas antes, centenas de pessoas, incluindo indígenas, estudantes, profissionais e sindicalistas, reuniram-se em vários pontos da capital para celebrar o início da convenção, num ambiente festivo, embora houvesse alguns distúrbios a que a polícia tentou por fim com canhões de água e botijas de gás.

"O Chile mudou e não podemos ser hipócritas. Não podemos estar dentro da convenção, a fingir que nada acontece, enquanto lá fora a polícia reprime o povo", acrescentou o advogado Daniel Stingo, outro dos 48 eleitores independentes.

A ideia de elaborar uma nova constituição surgiu em 2019 como um acordo entre os partidos políticos, para tentar desanuviar a maior crise social em três décadas de democracia no Chile, com marchas de protesto em prol de um modelo socioeconómico mais justo, com confrontos com as autoridades que causaram a morte de 30 pessoas e ferimentos em milhares de manifestantes.

Outra das exigências de alguns eleitos é conceder perdões a todos aqueles que foram presos durante essa grande onda de protestos. De acordo com o Departamento de Justiça, em janeiro de 2021, após mais de um ano, 26 pessoas ainda se encontravam sob custódia

O órgão, composto por 155 pessoas, numa base paritária - algo sem precedentes no mundo - e com 17 representantes dos povos indígenas, deverá eleger o seu conselho de administração e, a partir daí, terá até um ano para redigir a primeira Constituição que emanará de um processo plenamente democrático na história do Chile.

O novo texto, que deverá ser aprovado noutro referendo, em 2022, irá substituir o atual, herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e criticado por muitos pela sua natureza neoliberal.

Leia Também: Chile com Assembleia Constituinte e campanha eleitoral em simultâneo

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