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Chile com Assembleia Constituinte e campanha eleitoral em simultâneo

A nova Constituição chilena deve ficar concluída apenas dentro de um ano mas, em novembro, o país irá às urnas para eleger Presidente e legisladores num processo eleitoral que deve influir e ser influenciado pela Assembleia Constituinte.

Chile com Assembleia Constituinte e campanha eleitoral em simultâneo
Notícias ao Minuto

09:46 - 04/07/21 por Lusa

Mundo Chile

"Vejo o resultado eleitoral de novembro muito influenciado pela discussão na Assembleia Constituinte", aponta à Lusa o economista e cientista político, Fernando Ayala.

"Várias promessas de campanha dos candidatos, sempre muito desmedidas, desta vez podem terminar incorporadas na nova Constituição", prevê o sociólogo e analista político Patricio Navia.

Em simultâneo com o começo da Constituinte, os chilenos irão às urnas no próximo dia 18 de julho para as primárias presidenciais. As coligações terão até ao dia 23 de agosto para inscreverem os seus candidatos, dando início à campanha presidencial para as eleições de novembro. Dada a paridade de forças e de opções, a eleição tende a ir a uma segunda volta.

O texto da nova Constituição precisará ser aprovado por um referendo a ser realizado 60 dias depois de o futuro Presidente o convocar. Esse referendo não será conduzido pelo atual Presidente Sebastián Piñera, cujo mandato termina em março de 2022.

Os constituintes vão conviver com as campanhas eleitorais para presidenciais e legislativas. Nesse emaranhado, a Assembleia Constituinte deve influenciar todas as campanhas e as eleições, por sua vez, podem ter influência nos constituintes.

"O desenvolvimento da Constituinte vai influir no resultado eleitoral. Durante as discussões, os setores de direita serão minoria e ficarão isolados. Com isso, esses setores devem fazer um movimento ao centro. A direita chilena está obrigada a fazer esse movimento ao centro. Se ficar na sua posição, ficará isolada sem poder influir em nada", antecipa o analista Fernando Ayala, que aposta, por isso, num fortalecimento dos setores moderados.

"Acredito que esse movimento vai favorecer que tenhamos uma Constituição bastante centrada", confia.

Dentro de duas semanas, no próximo dia 18, os chilenos retornam às urnas para votarem nas primárias partidárias. Desse processo, sairão os candidatos das três coligações com maiores chances nas eleições de novembro: a direita, a centro-esquerda e a esquerda.

"Pela centro-esquerda, o mais provável é que surja a candidata da Democracia Cristã, Yasna Provoste, que preside atualmente ao Senado. Pelo lado da direita, a tendência é que o candidato eleito na primária seja Joaquín Lavín, um conservador que começa a girar ao centro, afirmando que abriga os princípios da social-democracia. Pelo lado da esquerda, o escolhido deve ser o prefeito de uma comuna popular de Santiago (Recoleta), Daniel Jadue, do Partido Comunista", observa Fernando Ayala.

"Portanto, na primeira volta presidencial é provável que seja disputada entre Joaquín Lavín pela direita, Daniel Jadue, pela esquerda e Provoste, pela centro-esquerda", indica.

"Se observarmos o resultado do plebiscito que deu origem à Constituinte e ao resultado da própria Constituinte, com a queda das forças de direita e do governo de Sebastián Piñera, o cenário mais provável é de uma segunda volta seja entre o candidato comunista e a candidata do centro-esquerda", analisa.

"Sem dúvida, neste caso, ganharia o centro-esquerda porque muitos setores independentes e inclusive da direita vão votar na centro-esquerda para evitar que o comunismo chegue ao poder", aposta Fernando Ayala.

Por enquanto, as sondagens preveem um empate técnico entre a direita, a centro-esquerda e a esquerda. Os três candidatos principais registam cerca de 14%, quando ainda faltam quatro meses para as presidenciais.

Os candidatos da extrema-direita, José Antonio Kast, e da extrema-esquerda, Pamela Jiles, têm cerca de 7% cada um.

"O novo Presidente e o novo Congresso estarão sentados à espera de que os constituintes terminem o seu trabalho. O processo constituinte vai avançar em paralelo com uma campanha presidencial. Teremos um Presidente eleito com a Constituição velha, mas que governará com a Constituição nova. O mais provável é que tanto o novo Governo quanto o novo Parlamento fiquem enfraquecidos pois discutirão leis enquanto a Assembleia Constituinte discutirá a nova Constituição", acredita Patricio Navia.

Leia Também: Chile começa a desmantelar herança constitucional da ditadura de Pinochet

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