Manifestantes do 'Hirak' apelam à "libertação" da justiça e dos media
Milhares de manifestantes desfilaram hoje em Argel em defesa de uma "imprensa livre e independente" e exortaram o poder a "libertar a justiça e os 'media'", no decurso da manifestação semanal do movimento de contestação 'Hirak'.
© Getty Images
Mundo Argélia
Há uma semana, vários jornalistas foram advertidos pelas forças policiais durante o desfile e o Ministério da Comunicação ameaçou a cadeia televisiva internacional France 24 de "retirada definitiva" da sua acreditação.
"Nada justifica que se agrida um jornalista ou qualquer pessoa", declarou à agência noticiosa AFP Ali, um professor reformado.
O sexagenário disse "sonhar com uma imprensa livre, profissional e sobretudo objetiva e imparcial".
A concentração em Argel, que também decorreu em outras cidades do país, terminou sem incidentes e os 'media' movimentaram-se livremente, indicou a AFP.
"Entreguem o poder ao povo", clamaram os manifestantes numa alusão aos dirigentes do país magrebino, e quando a Argélia celebrava hoje a festa da Vitória que assinala o aniversário de 19 de março de 1962 após a guerra da independência de cerca de oito anos contra a França, antigo colonizador.
"19 de março 1962: cessar-fogo, 19 de março 2021, cessar-a-repressão", lia-se num cartaz erguido por um jovem.
Os manifestantes também ecoaram as palavras de ordem históricas do 'Hirak': "Estado de direito e justiça independente", "Estado civil e não militar", pela "desmilitarização" do regime e "Silmiya!" (Pacífico!), numa referência ao caráter não violento do inédito levantamento popular desencadeado em fevereiro de 2019.
O 'Hirak', um movimento pacífico, plural e sem liderança visível, exige o desmantelamento do "sistema" que se reforçou anos após a independência em 1962, na sua perspetiva sinónimo de corrupção, nepotismo e autoritarismo, com forte influência da hierarquia militar, e que consideram ter desvirtuado os objetivos da revolução argelina.
Os manifestantes também criticaram a decisão do Presidente Abdelmadjid Tebboune, fragilizado por uma longa hospitalização no estrangeiro, de organizar eleições legislativas antecipadas em 12 de junho para tentar contornar a crise política e económica do maior país do Magrebe.
Tebboune, um antigo primeiro-ministro do ex-Presidente deposto Abdelaziz Bouteflika, foi eleito em 12 de dezembro de 2019 num escrutínio massivamente boicotado pelo 'Hirak' e a oposição política.
Os argelinos regressaram às ruas aos milhares a partir do segundo aniversário do 'Hirak', apesar da proibição de concentrações devido à covid-19.
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