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Irão condena irano-norte-americano a 10 anos de prisão por espionagem

Um irano-norte-americano foi condenado pelo Irão a 10 anos de prisão sob a acusação de espionagem, apesar de a família alegar que nunca foi julgado nem teve a oportunidade de se defender, reportou hoje a agência noticiosa AP.

Irão condena irano-norte-americano a 10 anos de prisão por espionagem
Notícias ao Minuto

18:53 - 26/01/21 por Lusa

Mundo Irão

Um porta-voz da família, que solicitou anonimato à AP, confirmou a sentença de Emad Shargi, depois de o sistema judiciário iraniano ter anunciado a sentença sem o nomear ou indicar o tempo de prisão.

O porta-voz da justiça iraniana, Gholamhossein Esmaili, tinha indicado que, inicialmente, Shargisaíra em liberdade sob fiança, mas que acabou novamente detido quando tentava sair do país.

Apesar de referir não ter quaisquer pormenores sobre a detenção de Shargi, o porta-voz da família indicou que, inicialmente, em dezembro de 2019, o irano-norte-americano ficou livre de todas as acusações, descobrindo, mais tarde, que fora condenado à revelia.

"No final de novembro, [Shargi] foi convocado para comparecer em tribunal para ficar a saber de uma sentença que o considerou culpado sem nunca terem sido apresentadas quaisquer provas, nem sequer a oportunidade de se defender ou ainda de ser levado a julgamento. Nem teve autorização para obter uma cópia da sentença", sublinhou o porta-voz da família.

Questionado sobre o caso pela AP, o Departamento de Estado norte-americano indicou estar "ciente dos relatos de que o Irão deteve outro cidadão dos Estados Unidos", mas recusou-se a fazer mais comentários.

Hoje, Esmaili, falando aos jornalistas, disse que Shargi foi condenado por espionagem e por fornecer informações militares a países estrangeiros, sem também adiantar pormenores.

Por esclarecer está também qual o tribunal que sentenciou Shargi, embora, no passado, tenha havido casos envolvendo cidadãos com ligações ao Ocidente acusados de espionagem que foram julgados nos tribunais revolucionários iranianos.

"Passaram já sete semanas desde que Shargi ficou sob custódia", disse o porta-voz da família, adiantando que o irano-norte-americano tem estado incomunicável e em local desconhecido.

A família, acrescentou o porta-voz, está "extremamente preocupada" com o estado de saúde e bem-estar de Shargi.

As famílias dos detidos no Irão têm criticado as autoridades de Teerão por causa deste tipo de julgamentos, sublinhando que os seus familiares estão a ser retidos como moeda de troca em negociações com o Ocidente. Acusam também deserem julgados em tribunais sem a apresentação dequalquer prova.

O Irão não reconhece a dupla nacionalidade, privando os presos, como Shargi, de assistência consular e acesso diplomático.

A embaixada dos Estados Unidos em Teerão está fechada desde a crise dos reféns, em 1979, sendo a Suíça que representa os interesses norte-americanos no país.

O Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária descreveu estes casos como parte de "um padrão emergente que envolve a privação arbitrária de liberdade de pessoas com dupla nacionalidade".

O Irão nega a acusação e insiste que os seus tribunais não são alvo da interferência política.

No entanto, os casos judiciais que envolvem cidadãos com dupla nacionalidade são normalmente associados a bens financeiros de iranianos congelados no exterior.

A situação agravou-se numa altura em que o Irão está a braços com pesadas sanções económicas impostas pelo ex-Presidente norte-americano, Donald Trump, desde que os desde Estados Unidos se retiraram unilateralmente do acordo nuclear com o Irão, em 2018, configurando uma série de crescentes incidentes entre os dois países.

Embora detido e sentenciado durante a gestão de Trump, o caso de Shargi representa o primeiro a cair publicamente sobre a administração de Joe Biden.

O novo Presidente dos Estados Unidos já expressou vontade em regressar ao acordo nuclear, mas advertiu que quer que o Irão volte aos limites estabelecidos no primeiro acordo. Até agora, o Irão exigiu que os Estados Unidos suspendam primeiro as sanções.

Leia Também: Irão deve respeitar acordo nuclear se quer que EUA regressem

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