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Presidente da Turquia defende criação de dois Estados no Chipre

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu hoje a criação de dois Estados no Chipre, durante uma visita aquela ilha mediterrânea, dividida a norte, que envolveu uma visita à cidade fantasma de Varosha.

Presidente da Turquia defende criação de dois Estados no Chipre
Notícias ao Minuto

23:48 - 15/11/20 por Lusa

Mundo Turquia

O Chipre está dividido desde a invasão pelo exército turco em 1974, após uma tentativa de golpe para ligar novamente o país à Grécia, sendo o terço norte controlado pela República Turca do Norte do Chipre (RTNC).

As últimas negociações de paz, em 2017, entre os cipriotas gregos e os cipriotas turcos, sob a égide da ONU, realizadas com vista à reunificação da ilha, não tiveram sucesso.

"Existem dois povos e dois Estados separados no Chipre. Precisamos de negociações para uma solução com base em dois Estados separados", destacou Erdogan durante um discurso em Nicósia, citado pela agência AFP.

Segundo o líder turco, os planos de reunificação da ilha como Estado federal são temas do passado.

"Não é possível secar a roupa hoje com o sol de ontem", sublinhou, com uma metáfora em referência às negociações anteriores que não terminaram com a divisão da ilha.

O alto-representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, criticou esta visita.

"A mensagem da UE é muito clara: não há alternativa para uma solução abrangente do problema de Chipre a não ser com base nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU", destacou Borrell através de um comunicado de imprensa.

"Lamentamos a ação de hoje em relação a Varosha e as declarações que contradizem os princípios da ONU para uma solução da questão de Chipre", sublinhou, acrescentando que esta atuação "criaria mais desconfiança e tensão na região".

O Presidente turco participou num desfile militar em Nicósia, no dia de aniversário da proclamação, em 15 de novembro de 1983, da República Turca do Norte de Chipre (RTNC), autoproclamada na parte ocupada e reconhecida apenas por Ancara.

Erdogan seguiu para Varosha, após a reabertura parcial em outubro desta antiga cidade costeira abandonada pelos seus habitantes e isolada pelo exército turco desde a invasão de 1974.

Devido à forte chuva, o governante da Turquia não promoveu naquele local um piquenique na praia, mas fez um breve comunicado à imprensa ao lado de Ersin Tatar, eleito em outubro para a presidência da RTNC.

"Este lugar está fechado há anos, mas é altura de tomar iniciativas. Porque uma divisão justa dos recursos da ilha nunca foi concedida aos cipriotas turcos", salientou.

Ao mesmo tempo, prometeu uma compensação aos cipriotas gregos com propriedades naquela cidade fantasma.

Cerca de 30 mil soldados turcos estão posicionados na parte ocupada de Chipre, a quase 90 quilómetros da costa turca.

O Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, considerou a visita de Erdogan uma "provocação".

"A Turquia e o seu presidente estão a comprometer uma perspetiva de um clima apropriado solicitado pela ONU para lançar a sua iniciativa para resolver o problema do Chipre", atirou, antes da visita.

A visita de Erdogan surge também num contexto de tensões em torno da questão dos hidrocarbonetos e da delimitação das fronteiras marítimas no Mediterrâneo Oriental, entre Grécia e Chipre de um lado e a Turquia do outro.

O presidente turco garantiu hoje que irá manter atividades de pesquisa de hidrocarbonetos no Mediterrâneo Oriental "até que um acordo justo seja especificado".

A República de Chipre, membro da União Europeia reconhecido internacionalmente, exerce a sua autoridade apenas sobre os dois terços do sul da ilha.

A RTNC é muito dependente, política e economicamente, da Turquia, que posiciona ali mais de 30.000 soldados.

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