Canadá reconhece impacto de internamento forçado de crianças indígenas

O Governo canadiano reconheceu hoje oficialmente "o significado histórico nacional" de um dos capítulos mais obscuros da história naquele país, o internamento forçado de dezenas de milhares de filhos de indígenas em residências escolares, ato considerado como "genocídio cultural".

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© Twitter/HUMBOLDT BRONCOS

Lusa
02/09/2020 00:08 ‧ 02/09/2020 por Lusa

Mundo

Canadá

O ministro do Ambiente e Alterações Climáticas, Jonathan Wilkinson, anunciou que, além de reconhecer oficialmente o sistema de residências escolares como um evento significativo na formação do país, o Canadá irá designar duas das escolas onde ocorreram abusos sobre os filhos de indígenas como Sítio Histórico Nacional.

O objetivo é educar o público do país e evitar que se repitam os mesmos erros, noticia a agência EFE.

O Canadá definiu um total de 492 eventos históricos que contribuíram para as características daquele país, como a batalha das forças inglesas contra as tropas francesas e indígenas na costa do Atlântico em 1747 até à fundação do serviço de correios em 1693, bem como a criação do campeonato de futebol, em 1909.

O país conta ainda com 996 Sítios Históricos Nacionais.

Jonathan Wilkinson defendeu a designação das residências escolares, uma na província de Nova Escócia e outra em Manitoba, na lista de Sítios Históricos Nacionais.

E justificou: "Contar a história não é apenas contas as coisas boas, mas também o mais problemático. É comemorar e entender a história, não celebrá-la".

O sistema de residências escolares para indígenas foi estabelecido no início do século XIX para ensinar a população indígena do país, forçando a aprendizagem de línguas e costumes.

A última residência escolar encerrou as suas portas em 1996.

Durante o período de funcionamento cerca de 150 mil indígenas foram forçados a abandonar as suas casas e a viverem internados durante a maior parte da sua infância e juventude.

Muitas das crianças sofreram abusos físicos, sexuais e psicológicos, incluindo torturas, por parte dos funcionários das escolas residenciais, geridas na maioria por ordens religiosas.

Em 2015 foi revelado o relatório final da Comissão para a Verdade e Reconciliação do Canadá (CVRC) que juntou testemunhos de milhares de sobreviventes das residências escolares.

O relatório classificou aquele sistema como parte de uma política sistemática de "genocídio cultural" por parte das autoridades do país contra a população indígena.

Calcula-se que entre 03 a 06 mil crianças morreram naquelas instituições por doença, má nutrição e, em alguns casos, pelos abusos sofridos, apesar do número concreto ser impossível de determinar.

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