A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (Manul) "pede uma investigação imediata e completa sobre o uso excessivo de força pelo pessoal de segurança" em Tripoli, "onde vários manifestantes ficaram feridos", pode ler-se na nota, que não precisa o número de vítimas.
Na noite de domingo, centenas de líbios expressaram a sua indignação com a deterioração das condições de vida e a corrupção no país, afetado há vários anos por conflitos, antes de serem dispersos pela polícia que disparou para o ar.
"Saímos da Praça [dos Mártires, no centro da capital] porque as forças de segurança começaram a disparar para o ar", relatou no domingo à agência francesa France-Presse Ayman al-Wafi, um manifestante no local.
Vídeos e fotos que circulam nas redes sociais mostram homens em uniformes militares de armas apontadas para os manifestantes numa das avenidas da capital.
Para o ministro do Interior do Governo de Unidade Nacional (GNA), Fathi Bashagha, trata-se de "bandidos que se infiltraram nas forças da ordem" responsáveis por supervisionar e proteger a manifestação.
O Ministério do Interior afirmou no domingo, em comunicado, ter organizado a segurança da manifestação e indicou que os responsáveis pela violência, "que não pertencem à polícia", seriam presos.
"Estas manifestações são motivadas por frustrações ligadas às más condições de vida, falta de eletricidade e falta de serviços em todo o país. É mais do que tempo de os líderes líbios colocarem de lado as suas diferenças", apontou a missão da ONU, que reiterou o apelo à retomada de um diálogo político "totalmente inclusivo".
Desde a queda do regime de Muammar Khadafi, em 2011, o país está minado por divisões e lutas por influência, sendo agora governado por duas entidades rivais: o GNA, com sede em Trípoli e reconhecido pela ONU, e um poder personificado por Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia.
Na sexta-feira, essas duas autoridades anunciaram o fim das hostilidades e a organização das próximas eleições no país. Esses anúncios têm despertado esperança e desconfiança devido aos precedentes no país, onde atores estrangeiros estão diretamente envolvidos.