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Especialista defende formação na língua inglesa para indígenas do Brasil

O desconhecimento de outras línguas é um obstáculo à construção de relações entre povos indígenas, na opinião do especialista em direito indígena Lindsay Robertson, que defende mais formação em língua inglesa para as tribos do Brasil.

Especialista defende formação na língua inglesa para indígenas do Brasil
Notícias ao Minuto

09:23 - 08/08/20 por Lusa

Mundo Brasil

O diretor do Centro de Direito Índio Americano da Universidade de Oklahoma, Lindsay Robertson, disse à Lusa, em vésperas do Dia Internacional dos Povos Indígenas, que "a incapacidade de comunicar em outras línguas" é um fator que impede a formação de relações intertribais.

Robertson, que viveu vários anos em Espanha e fala em inglês, espanhol e português, incentivou que as comunidades indígenas do Brasil recorram a organismos internacionais para defender as suas causas e denunciar alegados abusos, incêndios e destruições que estão a sofrer.

"Creio que se os líderes indígenas do Brasil tivessem formação em inglês, abririam um mundo inteiro de contactos, que os poderiam ajudar internamente. Não só para construir comunidades de advocacia, mas também obter apoio externo para defender causas e proteger direitos", declarou Lindsay Robertson, professor de Direito Indígena.

Na visão do especialista, os povos indígenas da Amazónia estão a ser alvo de uma "batalha entre a sua própria existência e os recursos naturais e interesses de desenvolvimento de povos não-nativos", mas o mesmo problema acontece em outras partes do mundo e foi um "problema grave" nos Estados Unidos da América no século XIX.

O que se vê no Brasil "é o governo a favorecer a exploração dos recursos naturais, em detrimento das taxas de subsistência contínuas dos povos nativos", segundo Lindsay Robertson.

Os grandes incêndios na Amazónia, cuja principal causa, segundo Instituto de Investigação Ambiental da Amazónia, foi a ação do homem e o desmatamento, consumiram mais de 900 mil hectares de floresta entre janeiro e agosto de 2019.

O especialista norte-americano considerou que existem várias vias no sistema brasileiro para a defesa dos povos nativos e principalmente, recursos internacionais.

Entre os órgãos internacionais mais reconhecidos, encontra-se o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e o Comité que monitoriza o respeito pela Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.

O campo da lei indígena ficou mais "internacionalizado" desde a adoção da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, em 2007, disse o professor, que foi conselheiro em leis indígenas para grupos de trabalho dos Estados Unidos na ONU.

A Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas, adotada em 2016, também é um instrumento que defende a aproximação e partilha de experiências das numerosas tribos em toda a América.

A Universidade de Oklahoma, diz o professor, recebe um grande número de estudantes de tribos dos Estados Unidos e de outros países: "Já recebemos um grupo de estudantes indígenas da Bolívia duas vezes e gostávamos de receber mais".

Lindsay Robertson trabalha com a Organização Internacional Intertribal de Comércio e Investimento (IITIO, na sigla em inglês).

Domingo, 9 de agosto, celebra-se o Dia Internacional dos Povos Indígenas.

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