A liderança da formação de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) pediu na semana passada à sua corrente radical, a Ala, para se dissolver, depois da agência secreta interna do país a ter classificado como extremista.
As principais figuras da Ala, Bjoern Hoecke e Andreas Kalbitz, concordaram na terça-feira com a dissolução da fação, mas o chefe da agência de informação nacional no Estado da Turíngia, onde Hoecke é o líder regional do partido, disse que isso será uma manobra tática.
Stephan Kramer disse numa entrevista à agência noticiosa alemã DPA divulgada hoje que a decisão foi "uma cortina de fumo", adiantando que é mais importante ver se o partido se distancia da corrente extremista.
Quando anunciou a dissolução da fação, com cerca de 7.000 apoiantes, Hoecke advertiu que estes não tinham a intenção de renunciar às suas convicções e que iriam manter o seu rumo político "para o bem da AfD".
A pressão sobre esta corrente radical aumentou recentemente depois da decisão dos serviços secretos internos alemães de a colocar sob vigilância policial, por considerarem que representa um perigo para o Estado.
A sanção surge num contexto de recrudescimento do terrorismo de extrema-direita, com três atentados realizados em menos de um ano.
O último ocorreu em fevereiro em Hanau, perto de Frankfurt. Um atirador racista e crente das teorias da conspiração matou nove pessoas, todas de origem estrangeira, antes de se suicidar.
A AfD conta atualmente com deputados em todas as assembleias estaduais e no parlamento federal, sendo mais forte no leste da Alemanha.