Numa declaração emitida na quarta-feira, Hariri tinha apelado ao Presidente Michel Aoun para iniciar consultas com os líderes dos blocos parlamentares com o objetivo de designar um novo primeiro-ministro.
Hariri apresentou a sua resignação do executivo em 29 de outubro em resposta às manifestações antigovernamentais no país que decorriam há duas semanas. Os protestos são dirigidos contra a corrupção, incompetência e a má gestão da elite no poder.
O primeiro-ministro cessante considerou que a retirada da sua candidatura poderá desbloquear o atual impasse político e garantir uma solução governativa. Insistiu ainda na necessidade de o novo governo ser integrado por tecnocratas para que o Líbano ultrapasse a atual crise.
Os protestos começaram como parte de um movimento espontâneo que cresceu nas ruas e tem afetado vários setores sociais, provocando o encerramento de estradas, bancos e escolas.
A mobilização é geralmente baixa durante a semana em comparação com o fim de semana, com uma aparente normalidade devido à retoma do trabalho no setor privado e à reabertura de bancos e escolas, fechados por várias semanas.
O Líbano é um país onde necessidades básicas - como água, eletricidade e acesso universal aos cuidados - não são asseguradas 30 anos após o fim da guerra civil e onde a classe política quase inalterada desde então é considerada corrupta e incompetente.
O país mediterrânico regista ainda um colapso económico agravado pela corrupção do Governo e tornou-se num dos países mais endividados do mundo.
A crise económica foi agravada com o encerramento dos bancos durante três semanas desde 17 de outubro, até a imposição de um limite para a retirada de dólares das contas correntes.
O Líbano terminou com o jugo francês em 1943 na sequência de manifestações populares que juntaram cristãos e muçulmanos.
De seguida, o país mergulhou numa guerra civil (1975-1990), e registou duas ocupações estrangeiras, israelita e síria. Permanece profundamente dividido, em termos confessionais e políticos.