No seu relatório, a organização não-governamental HRW documentou que mais de 200 trabalhadores estão expostos diariamente a pesticidas considerados perigosos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), além de muitos receberem menos de 1,50 dólares (1,36 euros) por dia.
A Plantations et Huileries du Congo (PHC) recolhe óleo de pelo menos três moinhos em que refina o produto e cujos resíduos não processados são, posteriormente, despejados em rios junto às casas dos empregados.
A Feronia, cotada na Bolsa do Canadá, e a sua subsidiária PHC, trabalham em três plantações de óleo de palma com mais de 100 mil hectares no norte do país e são a maior empresa agrícola da República Democrática do Congo (RDCongo).
Neste contexto, os bancos de desenvolvimento alemão DEG, o belga BIO, o holandês FMO e o britânico CDC Group investiram 100 milhões de dólares (90,4 milhões de euros) desde 2013 naquela companhia.
O banco britânico, CDC Group, é dono de 38% das ações da Feronia.
A Feronia vai encontrar-se hoje com os seus investidores em Londres para discutir os problemas ambientais e sociais das suas plantações, mas a HRW exige a responsabilização dos bancos.
"Estes bancos podem ter um papel muito importante no desenvolvimento, mas têm sabotado a sua missão ao financiar uma empresa que não assegura os direitos dos seus trabalhadores e das comunidades das plantações", acrescentou Luciana Téllez, que elaborou o relatório.
Segundo a investigação da HRW, metade dos ingredientes usados em nove dos pesticidas são considerados perigosos pela OMS e podem causar danos nos olhos, além de três poderem causar cancro.
Um total de 213 trabalhadores pulverizam com os pesticidas, seis dias por semana, 300 a 600 árvores de palma, sem equipamento de proteção, embora exista legislação internacional e da RDCongo que impõe o seu uso.
Segundo o relatório, muitos dos trabalhadores entrevistados descreveram irritação nos olhos, enquanto aplicavam os pesticidas, e alguns afirmaram que a sua visão diminuiu desde que começaram a trabalhar.
Sintomas como faltas de ar, ritmos cardíacos elevados, dores de cabeça, perdas de pesa e cansaço crónico também foram documentados.
Os trabalhadores contratados trabalham sem luvas e botas por um salário de 1,20 dólares (1,09 euros), segundo a HRW.
As trabalhadoras que cortam os frutos são as que recebem menos por mês, com salários que variam entre os 7,30 dólares (6,60 euros) e os 18,75 dólares (16,96 euros).
Um antigo supervisor contou à HRW que a empresa paga cerca de 0,01 dólares (0,01 euros) por cada saco de dez quilos recolhido, "sendo que é muito difícil conseguir recolher 15 sacos por dia", o que supõe um pagamento de 0,15 dólares (0,14 euros) diários.