A laureada com o prémio Nobel da Paz Narges Mohammadi queixou-se de ser ameaçada, direta e indiretamente, de morte pelas autoridades do Irão, declarou hoje o Comité Nobel após conversa telefónica com a iraniana.
O presidente do Comité Nobel, Jorgen Watne Frydnes, recebeu um "telefonema urgente" de Narges Mohammadi, que o informou sobre as ameaças que recebeu, sublinhou um comunicado divulgado pelo Comité.
"A mensagem é clara. Segundo as suas próprias palavras [de Narges Mohammadi], foi 'direta e indiretamente ameaçada' de 'eliminação física' por agentes do regime" iraniano, segundo a nota.
Estas ameaças "demonstram claramente que a sua segurança está em risco, a menos que ela se comprometa a terminar todo o envolvimento público no Irão" e "todas as aparições nos meios de comunicação", acrescentou o comunicado.
Narges Mohammadi está em liberdade provisória desde dezembro por motivos médicos. A iraniana recebeu o prémio Nobel da Paz em 2023 pela "sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos".
O Comité Nobel norueguês declarou-se "profundamente preocupado com as ameaças contra Narges Mohammadi e, de um modo mais geral, contra todos os cidadãos iranianos que se manifestam criticamente, apelando às autoridades para que protejam não só as suas vidas, mas também a sua liberdade de expressão", afirmou o seu presidente.
A advogada da família e da fundação Narges Mohammadi, Chirinne Ardakani, também denunciou as ameaças recebidas pela laureada Nobel num comunicado à agência de notícias France-Presse (AFP).
"Estas ameaças de assassinato e desaparecimento forçado foram feitas através de vários canais: diretamente à própria Narges Mohammadi, mas também através de vários dos seus familiares, a quem foi pedido que lhe transmitisse estas ameaças", acrescentou a advogada.
Condenada e presa inúmeras vezes nos últimos 25 anos pelo seu ativismo contra o véu obrigatório para as mulheres e a pena de morte, Narges Mohammadi permaneceu presa durante grande parte da última década.
Até à sua libertação provisória, no início de dezembro, permaneceu encarcerada na prisão de Evin, em Teerão.
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