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China refere século X para defender que Islão não é indígena em Xinjiang

O governo chinês defendeu hoje que a conversão da minoria étnica chinesa uigur ao islamismo "não foi voluntária", apontando uma guerra religiosa no século X, numa altura em que força a assimilação cultural daquele grupo.

China refere século X para defender que Islão não é indígena em Xinjiang
Notícias ao Minuto

09:30 - 23/07/19 por Lusa

Mundo China

Num livro branco publicado pelo Conselho de Estado chinês, as autoridades defendem que "a conversão dos uigures ao islamismo não foi uma escolha voluntária, feita pelas pessoas comuns, mas um resultado de guerras religiosas e imposição da classe dominante".

Pequim enfrenta crescente pressão diplomática devido às acusações de que mantém detidos cerca de um milhão de uigures em centros de doutrinação política na região do Xinjiang.

Antigos detidos afirmam que foram forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC), numa reminiscência da Revolução Cultural (1966-1976), lançada pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong.

O livro branco retrata Xinjiang como uma região onde várias religiões coexistiram durante séculos.

O documento de 6.800 palavras, divulgado integralmente pela agência noticiosa oficial Xinhua, defende ainda que Xinjiang "respeita a liberdade dos cidadãos de acreditar ou não em qualquer religião".

No entanto, afirma que o Islão foi introduzido na região pela força, durante uma guerra religiosa no século X, que encerrou séculos de domínio do budismo, a principal religião na China.

"O Islão não é indígena nem o único sistema de crença do povo uigur", acrescentou.

O livro branco argumentou que a História da região foi distorcida por "forças estrangeiras hostis e forças separatistas, extremistas e terroristas".

E rejeitou a noção de que os uigures são descendentes dos turcos.

"Xinjiang tem sido parte inseparável do território chinês; nunca foi o chamado Turquistão Oriental", apontou.

Predominantemente muçulmanos, os uigures são etnicamente distintos do grupo étnico maioritário do país, os chineses han, que constituem já a maioria da população em Xinjiang.

Os uigures acusam o Governo chinês de exercer um "genocídio cultural".

Em 2017, barbas longas e véus faciais foram proibidos na região, assim como a proibição de nomes associados a figuras do islão.

O governo chinês, que primeiro negou a existência dos campos de internamento, defendeu, entretanto, tratarem-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade.

"Tirando lições de experiências internacionais e tendo em vista a realidade da região, Xinjiang tomou medidas resolutas para combater o terrorismo e o extremismo, de acordo com a lei", defendeu o documento.

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