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Na meia-maratona de Trieste não vão correr africanos. Racismo?

Organização explica que medida serve para expôr a forma como atletas africanos são explorados. Mas há várias acusações de racismo.

Na meia-maratona de Trieste não vão correr africanos. Racismo?
Notícias ao Minuto

23:50 - 27/04/19 por Notícias Ao Minuto

Mundo Críticas

No próximo dia 5 de maio, decorre a 24ª. edição da meia-maratona de Trieste, em Itália.

Este ano, no entanto, há uma linha particularmente forte de concorrentes que não vai correr: a de atletas africanos. 

As provas de atletismo de longo curso contam habitualmente com atletas africanos entre os mais fortes competidores. Países como a Etiópia e o Quénia contam com vários recordistas e campeões mundiais e olímpicos. 

A decisão foi tomada pela organização da prova. Fabio Carini, o presidente da Apd Miramar, que organiza a competição que se realiza no próximo fim de semana, explicou o que motivou a decisão.

"Este ano tomámos a decisão de levar apenas atletas europeus para salientar que têm de se tomar medidas para regular este mercado em torno de valiosos atletas africanos, que são simplesmente explorados", explicou ao La Reppublica. Fabio Carini acrescentou ainda que estes atletas africanos recebem bem menos do que valem.

A decisão é justificada como uma forma de realçar a exploração. Mas são várias as acusações de racismo que têm surgido em Itália, como dá conta o The Guardian.

Entre as vozes críticas está a da eurodeputada de centro-esquerda Isabella De Monte, que critica a forma escolhida para o protesto contra exploração de africanos. "Isto é verdadeiramente absurdo: profissionais estão a ser impedidos de participar numa competição porque vêm de Afríca. Andamos a avisar há meses... esta situação está a ficar fora de controlo e estamos em risco de voltar a tempos negros".

Esta situação acontece após adeptos da Lazio de Roma terem protagonizado mais um episódio racista nos estádios de futebol italianos. Foram proferidos insultos racistas contra dois atletas do AC Milan, numa partida entre a Lazio e o AC Milan da passada quarta-feira. Após a partida, adeptos de uma claque da Lazio prestaram tributo ao líder fascista Benito Mussolini, em plena rua de Milão.

Nicola Fratoianni, da esquerda italiana, quer que o tema seja debatido no parlamento, tendo tecido ainda comparações com as antigas leis de segregação e episódios de violência contra negros nos Estados Unidos. "Isto não é o Mississippi dos anos 1950 mas Trieste em 2019", salientou.

As 23 edições anteriores desta prova de Trieste nunca tiveram restrições relativamente à nacionalidade dos atletas.

No ano passado, os vencedores da meia-maratona de Trieste foram Olivier Irabaruta, que venceu a prova masculina, e Elvanie Nimbona, que venceu a prova feminina. Os dois atletas são naturais do Burundi e figuraram igualmente no pódio na prova do Porto no ano passado (na cidade Invicta, Olivier Irabaruta ficou em segundo lugar, já Elvanie Nimbona chegou à meta na terceira posição).

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