Puigdemont fez estas declarações em Berlim, pouco depois do início do julgamento de 12 políticos independentistas catalães no Tribunal Supremo, em Madrid, pela organização de um referendo independentista em 2017.
A possibilidade de eleições gerais, com a direita a formar Governo em Madrid, era uma "ameaça plausível" antes de domingo, segundo o ex-presidente catalão, mas o poder de alcance demonstrado faz com que este perigo foi dissolvido.
O ex-presidente do Governo regional catalão acusou também o líder do Partido Popular, Pablo Casado, de ter "uma garrafa de gasolina" nas mãos, provocando "incêndios" e classificou o partido de extrema-direita Vox como sendo "franquista".
Além disso, considerou que não houve avanços com o atual Governo socialista porque, no seu entender, apesar de certas mensagens, a situação agora está "no mesmo ponto" em relação ao anterior executivo, do conservador Mariano Rajoy.
"O facto de invocar a possibilidade de um relator independente gerou uma enorme crise. Eu nem quero imaginar o dia em que possamos nos sentar à mesa", disse.
Puigdemont está em Berlim a convite da organização Cinema for Peace, que aproveitou a celebração do festival de cinema da capital alemã, a Berlinale (Festival de Berlim), para organizar uma série de eventos paralelos nos quais participam políticos e ativistas.
O ex-presidente da 'Generalitat' já esteve presente na segunda-feira à tarde na gala que é tradicionalmente organizada pelo Cinema for Peace durante a Berlinale e hoje planeia participar num evento realizado no Reichstag, o edifício principal do Parlamento alemão.
Na segunda-feira, Puigdemont salientou que o seu papel em Berlim atualmente é "dar voz" a "aqueles que enfrentam um julgamento completamente injusto" e aproveitar "a oportunidade" de "denunciar essa situação".
Carles Puigdemont disse ainda que o "julgamento que começou hoje em Madrid é um teste para todo o sistema judiciário espanhol, portanto é um teste de stresse para a democracia espanhola".
Acrescentou confiar que "o Estado espanhol aproveitará esta oportunidade para emitir a sentença correta, que é a absolvição".
O julgamento histórico de 12 dirigentes independentistas catalães acusados de envolvimento na tentativa de secessão da Catalunha em outubro de 2017 iniciou-se hoje de manhã no Tribunal Supremo em Madrid.
O Ministério Público pediu penas que vão até 25 anos de prisão contra os acusados, por alegados delitos de rebelião, sedição, desvio de fundos e desobediência.
A figura principal da tentativa de independência, Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica, é o grande ausente neste processo, visto que Espanha não julga pessoas à revelia em delitos com este grau de gravidade.
No banco dos réus estão, entre outros, o ex-vice-presidente do Governo regional e vários ex-membros desse executivo, a antiga presidente do Parlamento catalão e os dirigentes de duas poderosas associações cívicas separatistas.
Nove dos 12 acusados estão detidos provisoriamente há mais de um ano, suspeitos de terem cometido os delitos mais graves de rebelião e desvio de fundos públicos.
A questão central no processo que se inicia é a de saber se houve violência na tentativa de secessão, com a acusação de rebelião, que implica uma sublevação violenta, a ser contestada.
Após realizar a 1 de outubro de 2017 um referendo sobre a independência proibido pela justiça, os separatistas catalães proclamaram a 27 de outubro do mesmo ano uma República catalã independente.