Khashoggi: Príncipe herdeiro saudita em Tunes numa visita controversa
O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, chegou no final da tarde de hoje a Tunes para uma controversa visita, assinalada por manifestações contra o envolvimento na guerra no vizinho Iémen e a repressão na Arábia Saudita.
© Reuters
Mundo Mohammed bin Salman
Mohammed bin Salman (MBS), que deve encontrar-se com o Presidente tunisino Béji Caïd Essebsi, é o primeiro membro da família real saudita a deslocar-se à Tunísia desde a revolução de 2011.
Centenas de tunisinos manifestaram-se hoje no centro de Tunes contra esta visita, sob a palavra de ordem "Rua, assassino".
A Tunísia, único país a prosseguir no trilho da democratização após as rebeliões de Primavera árabe, "é um dos raros países árabes onde podem ser exprimidas estas posições", sublinhou Youssef Cherif, investigador em política internacional e citado pela agência noticiosa AFP.
Esta breve passagem por Tunes insere-se na primeira deslocação do príncipe herdeiro ao estrangeiro desde o assassínio do jornalista saudita Jamal Khashoggi, um crítico do regime de Riade e que vivia nos Estados Unidos.
Mohammed bin Salman, que se deslocou previamente ao Bahrein e Egito, deve de seguida participar na cimeira do G20 que decorre nos dias 30 de novembro e 01 de dezembro na Argentina.
MBS é acusado pelos 'media' e responsáveis turcos de ter ordenado a morte de Khashoggi, que suscitou um escândalo internacional e degradou a imagem da Arábia Saudita. As autoridades sauditas continuam a desmentir qualquer envolvimento.
A sua vinda a Tunes "insere-se na luta entre por um lado a Arábia Saudita, e por outro lado o Qatar, primeiro investidor árabe na Tunísia, e a Turquia, um dos seus principais parceiros económicos", considera Cherif.
Para este encontro, após uma série de visitas ministeriais nos últimos meses, "os sauditas procuram contrariar o Qatar e a influência que pode ter" na Tunísia, detalhou o investigador.
Em termos de política interna tunisina, a Arábia Saudita pode influir numa "diminuição do grau de democracia", segundo Cherif.
Riade, que acolheu o ex-ditador tunisino Zine el Abidine ben Ali, derrubado em 2011, manobrou "para desacreditar a revolução tunisina" e não aprecia o lugar de destaque ocupado pelo partido de inspiração islamita Ennahdha, considerado próximo do Qatar.
Pelo contrário, sustenta Cherif, "as suas relações são boas com a classe política ligada ao antigo regime".
"A administração tunisina encara com mais simpatia o dinheiro saudita que o qatari", acrescenta, para advertir: "Abrir as portas aos sauditas não é uma solução para todos os problemas, sobretudo numa Tunísia em plena transição".
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