A informação foi avançada pela televisão pública Radio-Canada, que noticiou que o governo federal canadiano liderado pelo primeiro-ministro, Justin Trudeau, quer estabelecer uma meta anual de 10 mil deportações.

Este número representa um aumento entre 25% a 35% em comparação com os processos de deportação realizados pelas autoridades canadianas ao longo dos últimos anos, segundo uma mensagem de correio eletrónico de um alto funcionário da Agência de serviços fronteiriços do Canadá (CBSA, na sigla em inglês), a que a estação Radio-Canada teve acesso.

No documento, o diretor da divisão de operações e dos serviços de informações da CBSA, Brad Wozny, explica ter "participado em várias discussões, tanto a nível regional como nacional, sobre a decisão do governo do Canadá querer aumentar substancialmente os esforços de reenvio".

No mesmo texto, o alto funcionário anuncia as novas metas estabelecidas pelo governo federal de Trudeau: "Nas discussões iniciais, a agência apontou para uma meta de 10 mil reenvios por ano. O que representaria um aumento entre 25 a 35% sobre o que prevaleceu nos últimos anos".

Segundo os números obtidos pela Radio-Canada, que segundo a estação pública foram confirmadas pela CBSA, o número de estrangeiros indocumentados expulsos do Canadá passou de 18.987 em 2012, altura em que país era liderado por um governo conservador, para 8.472 em 2017.

Contactada pela agência noticiosa francesa France Presse (AFP), a CBSA não quis comentar as informações.

Sem confirmar ou desmentir os dados da Radio-Canada, Justin Trudeau reconheceu hoje, à chegada ao parlamento, que o governo canadiano está a pensar como pode melhorar o sistema de imigração do país, nomeadamente para ser "mais expedito no tratamento dos dossiês".

"É uma prioridade para nós ter um sistema de imigração integrado que funcione", declarou.

Esta medida ocorre numa altura em que o governo liberal de Trudeau está a ser acusado pela oposição conservadora de gerir mal o fluxo de requerentes de asilo procedentes dos Estados Unidos. Questão que poderá dominar a campanha para as eleições legislativas canadianas, que terão lugar daqui a um ano.

Desde a chegada de Donald Trump à Presidência norte-americano, em janeiro de 2017, mais de 30 mil estrangeiros entraram de forma irregular no Canadá.

A maioria são cidadãos naturais da Nigéria, Haiti, Turquia, Eritreia e Colômbia, segundo as estatísticas oficiais.

Cerca de 18 mil pessoas estão atualmente a aguardar a deportação por parte das autoridades canadianas, segundo a Radio-Canada, que acrescentou que a maioria destas pessoas foram consideradas ilegíveis para receber o estatuto de refugiado.