Nicarágua está a prender e a torturar manifestantes ilegalmente, diz ONG
O governo da Nicarágua está a prender e a torturar, de forma ilegal, manifestantes, numa operação de "limpeza" com recurso a armas letais e o apoio de grupos pró-governamentais, denuncia um relatório da Amnistia Internacional.
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Mundo Relatório
Desde o início de junho, o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua, tem vindo a intensificar as suas ações de repressão contra os manifestantes que se opõem às suas políticas, de acordo com um relatório da Amnistia Internacional hoje divulgado, sob o título "Instilando terror: da força letal à perseguição na Nicarágua".
O relatório denuncia a possibilidade de "violação grave de direitos humanos e crimes punidos pelas leis internacionais", por parte das autoridades da Nicarágua, entre 30 de maio e 18 de setembro.
Pelas contas da Amnistia Internacional, até 24 de agosto, pelo menos 322 pessoas foram mortas, a maioria por agentes do Estado, e mais de duas mil pessoas tinham sido feridas.
Perante estes factos, a Amnistia Internacional insta as autoridades da Nicarágua para "imediatamente desmantelar e desarmar todos os grupos armados, assegurando que a polícia apenas usa força legítima, proporcional e necessária" contra os manifestantes.
Citando outros organismos não-governamentais, a Amnistia regista que as autoridades terão citado judicialmente pelo menos 300 pessoas, por participar em manifestações.
"O Presidente Ortega colocou a polícia a prender e a torturar arbitrariamente manifestantes, bem como usou grupos pró-governamentais fortemente armados para matar, ferir e intimidar todos aqueles que tiveram a coragem de enfrentar a sua estratégia de repressão", afirmou Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Amnistia Internacional.
A Amnistia Internacional diz ter verificado a existência de polícias e grupos pró-governamentais munidos com armas pesadas, incluindo metralhadoras e lança-granadas, algumas delas proibidas para uso em operações de segurança.
O relatório fala ainda de casos de possíveis prisões arbitrárias, "que farão parte da estratégia do governo para quebrar o movimento dos manifestantes", e documenta pelo menos 12 casos de possível tortura, "incluindo um com recurso a tortura sexual de uma jovem mulher, num centro de detenção oficial".
Segundo a Amnistia Internacional, um número crescente de vítimas destas violações de direitos humanos recusa-se a apresentar queixa junto das autoridades da Nicarágua, "por medo de represálias".
Esta crise está a causar movimentos de migração forçada de milhares de pessoas, com o Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas a anunciar que mais de oito mil pessoas oriundas da Nicarágua pediram asilo na Costa Rica e mais 15 mil estavam nesse processo, a 31 de julho passado.
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