Tropeçar, cair, levantar e voltar à luta: tudo isto faz parte da vida e dos negócios, e todos estes passos são cruciais para criar uma cultura vencedora. 

Para premiar as empresas que conseguiram ultrapassar fases difíceis e voltar aos resultados positivos, a Yunit Consulting juntou-se à SIC Notícias e criou o prémio Heróis PME, que entregou recentemente as distinções da primeira edição aos 10 vencedores. 

O Economia ao Minuto teve oportunidade de marcar presença na cerimónia realizada na AESE Business School com o apoio da BMW, Outsystems e Victoria Seguros, e teve oportunidade de falar com Bernardo Maciel, diretor executivo da organizadora Yunit Consulting. 

Leia na entrevista abaixo o que levou a Yunit a criar o prémio e saiba a opinião de Bernardo Maciel sobre a nova geração de empreendedores e o atual clima de inovação empresarial em Portugal. 

Qual é a ideia que levou à criação do Heróis PME? 

Nós procuramos com esta iniciativa premiar histórias de empresários que não estejam só marcados pelos resultados de venda ou pelo volume de negócios. Procuramos conhecer histórias marcadas pela persistência, pela superação, pela coragem do empreendedor, marcadas pelo sucesso e insucesso, pelo tropeçar e levantar, voltar a caminhar, história com muito impacto na comunidade... No fundo, procurámos reconhecer o tecido empresarial português que é muito marcado por esta presença regional e pelas vicissitudes da vida das organizações. Queríamos trazer para a ribalta aquelas empresas que normalmente ficam escondidas atrás daquelas que são mais mediáticas. 

Pretendem premiar startups ou empresas estabelecidas há mais tempo? 

Nós tínhamos como critério de candidatura que as empresas já estivessem em atividade, que tivessem colaboradores e que já tivessem no fundo uma história para contar. Não havia nenhum limite de idade das organizações, mas tinham necessariamente de ter resultados positivos, para haver alguma coerência com a história de serem empresas de sucesso. Convidámos as empresas a candidatarem-se contando a sua história no nosso formulário de candidatura e chegámos a ter cerca de 200 empresas a candidatarem-se; dessas resultaram 50 completas que preencheram os requisitos, que estavam preparadas para expor ao público as suas histórias e depois foi uma escolha por voto popular na nossa plataforma. Das 10 vencedoras dessa votação, o júri selecionou as cinco principais, ainda que estejamos a destacar as histórias das 10 vencedoras. 

Como é que escolhem as histórias principais no conjunto de 10 vencedoras? 

Quando não estamos a tratar de critérios tangíveis, é sempre mais complicado. Estamos a falar de coisas que têm mais a ver com o que nos transmite alguma inspiração, aquilo que nos transmite coragem, aquilo que nos transmite uma história mais interessante. Foi isso que acabou por nortear as decisões e penso que também terá sido que fez com que as pessoas que votaram se identificassem mais com os percursos mais interessantes. Também tem a ver com a capacidade de expor o seu percurso. 

Sentem-se satisfeito com o leque de empresas vencedoras? 

Bastante. Nós acreditamos que o país tem empresas de Norte a Sul muito diferentes, pelo contexto regional, de setores de atividade muito diferentes, porque o Minho é muito diferente do Oeste, do Algarve e do Alentejo. Na prática, sem qualquer influência nossa, os 10 vencedores são de origens completamente diferentes. Temos empresas de Trancoso, de Famalicão, do Porto, de Santarém, Lisboa... várias zonas do país e de setores de atividade muito diferentes. Isso fez com que a nossa expectativa tenha corrido muito bem. 

Neste momento estamos a menos de duas semanas da Web Summit. Na sua opinião de empresário, qual é o efeito que este evento tem na economia portuguesa? 

Eu entendo que todo este movimento em torno do empreendedorismo vem resolver um problema mais recente da nossa economia que é a iniciativa. Esta geração que vemos associada aos Heróis PME é dos anos 70, 80, que têm maturidade empresarial e depois há um vazio de iniciativa empresarial que toda esta dinâmica digital arrastada por fenómenos como o 'Shark Tank', os investidores, a Web Summit, vêm dar um impulso extra à juventude, sobretudo, para criar empresas e negócios. A vantagem de usarmos este espelho dos Heróis PME é mostrar que o percurso não é sempre feito de sucesso, é feito de momentos menos bons, o que não é necessariamente mau. Há alturas em que tem de se decidir nas piores circunstâncias e a decisão tem de ser dar um salto em frente. Esta combinação de uma geração experiente com uma geração nova com vontade de investir e de criar coisas novas é a combinação certa para o país dar um salto em frente em termos de iniciativa empresarial. 

Neste concurso estão a distinguir uma geração antiga pela superação. Acham que a nova geração tem a capacidade de lidar com o sucesso e o falhanço e recuperar como as anteriores? 

Todos nós adaptamo-nos às circunstâncias nos momentos em que temos de as viver. Vemos as coisas de forma diferente, seja do ponto de vista pessoal, seja do ponto de vista empresarial e todos temos a capacidade de dar a volta. Vão haver casos em que não vão conseguir, vão haver casos de sucesso e isto cria um contexto e que as pessoas estão preparadas para falhar. E falhar é muito importante para continuar a crescer. Claro que é preferível crescer sem falhar, mas falhar não é necessariamente morrer e, portanto, há sempre forma de dar continuidade. Estas gerações são mais universais, estão mais preparadas para a competição a nível internacional, pensam a nível global, não pensam só em vender no país e na região e pensam na internacionalização, uma grande vantagem que esta geração traz para o mundo empresarial.