Resultado global da CGD. “Não se pode atirar foguetes sobre ele”
Francisco Louçã considera a solução financeira para a Caixa Geral de Depósitos "uma boa notícia". Contudo, está reticente quanto à forma como a Caixa vai operar e em relação ao caráter "ameaçador" do Banco Central Europeu (BCE) no funcionamento do banco nacional.
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Economia Recapitalização
Francisco Louçã não fugiu ao tema do momento e comentou, na antena da SIC, a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, detalhada esta semana por Mário Centeno.
Para o antigo líder do Bloco de Esquerda, o plano financeiro apresentado pelo ministro das Finanças “está claro”. “O que não está claro, e é muito importante, é o significado nas operações da Caixa”, sublinhou Louçã, fazendo referência ao encerramento de 300 balcões e ao “despedimento de muitas pessoas, sob formas variadas, reformas antecipadas e rescisões voluntárias”. Para Louçã, uma rescisão voluntária “é sempre uma forma de pressionar o trabalhador a sair”.
Tendo em conta o facto de a Caixa ter chegado a este ponto “com grandes dificuldades”, faz do plano de recapitalização “uma boa notícia” que surgiu num mês de dificuldade política para o Governo de Costa, frisa o comentador. “A má notícia é não se saber como vai operar”.
Outra das notícias que menos agradaram a Louçã é a possibilidade de o BCE poder vir a impor que “algumas das operações estrangeiras da Caixa desapareçam”, como é o caso de Espanha. E isso, vinca o comentador, é uma péssima notícia. “Prova a que ponto pode chegar o arbítrio do gestor europeu que decide quais são os bancos que podem operar em Espanha ou não”, sublinha, acrescentando que essa restrição será “um pequeno contributo do BCE para a prosperidade do Santander”. Mas, pior: “Mostra sobretudo que a Caixa é um joguete destas operações. O resultado global não se pode deitar foguetes sobre ele”.
Francisco Loução salienta que “não fica certo se a Caixa é muito prejudicada nas suas operações e se é marcada pelo BCE de uma forma ameaçadora. E isto é um problema para os partidos de esquerda.
Sobre o impato da recapitalização da Caixa na dívida pública, Louçã defende que o “problema é mais do conjunto da dívida no OE do que esta operação em particular”.
De resto, Louçã considera que o Governo geriu muito mal o mês de agosto e que a solução encontrada "foi uma boa solução para o futuro da Caixa", contudo foi mal gerida em termos políticos. "Foi uma boa solução do futuro da Caixa, com uma ameaça que leva o Governo a ter muito cuidado com o que se pode passar e ao orçamento retificativo", avisa.
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