"O grupo CUF deixou de pagar às empregadas de limpeza o trabalho ao domingo como trabalho suplementar. Foi uma das retiradas de direito, há várias, esta é uma delas. Deixou de pagar os feriados a 200%, que é o que está acordado, e paga apenas a 100%. Também obriga os trabalhadores a trabalhar 12 horas consecutivas, diárias, obrigatórias", disse à Lusa a dirigente sindical Vânia Cardoso.
De acordo com a dirigente do STIHTRSN, que falava à Lusa após uma ação de luta no Hospital CUF Porto, a questão das 12 horas, "além de uma ilegalidade, é uma situação que mexe com a vida pessoal e familiar", bem como "com a saúde das pessoas, obrigando-as a trabalhar 12 horas diárias".
Contactada pela Lusa, fonte oficial da CUF refere que "o Hospital CUF Porto cumpre escrupulosamente com as regras decorrentes da legislação laboral, assim como do contrato coletivo de trabalho aplicável e não se revê nas acusações" do STIHTRSN.
Vânia Cardoso acrescentou que esta semana o sindicato tem "estado a fazer uma luta na hospitalização privada, porque a associação patronal [Associação Portuguesa da Hospitalização Privada, APHP] fez um acordo com a UGT que prevê uma série de retiradas de direitos aos trabalhadores".
A sindicalista fala num "corte no subsídio de turno, o pagamento dos feriados, a progressão na carreira e o complemento de seguro, entre outros", bem como a criação de um "banco de horas e adaptabilidade de horário até 12 horas diárias que obriga os trabalhadores a fazer 12 horas consecutivas".
"Em 48 horas, podem obrigá-los a trabalhar sem o consentimento dos trabalhadores", referiu, no fim de várias ações de luta em vários hospitais privados no Porto e em Vila Nova de Gaia, que decorreram nas últimas semanas.
A Lusa contactou a APHP e aguarda resposta.
Em causa estão empregadas de limpeza, auxiliares de ação médica ou rececionistas, segundo a dirigente sindical.
O STIHTRSN, integrado na Federação dos Trabalhadores da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), filiada na CGTP-IN, refere em comunicado que o atual contrato coletivo de trabalho (CCT) da hospitalização privada "existe desde 1975 e sempre foi a FESAHT/CGTP-IN que negociou e assinou todas as revisões" desde então, acrescentando que "os sindicatos da UGT não têm representatividade nos setor".
Relembra ainda que "o setor da hospitalização privada vive uma excelente situação económica, com 10.7 milhões de consultas, mais 10% que em 2023, 1,5 milhões de urgências, mais 5% de partos, 15.092 nascimentos, aumento de 15% nos exames e 12% de aumento nos RX, aumento de 11,6% nas receitas em 2024 em relação a 2023, atingindo um total de 2,5 mil milhões de euros".
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