Marques Mendes, comentou este sábado à noite na SIC, a grave crise financeira vivida no BES e o buraco de 3,5 mil milhões de euros registados nas contas do primeiro semestre do banco.
Para o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares “esta foi uma péssima notícia”, uma vez que se esperava um buraco de cerca de 2,6 mil milhões, para o qual haveria uma almofada financeira. “Pelo que se sabe estas contas são o resultado de três operações, todas elas ruinosas: primeiro, as garantias dadas ao petróleo da Venezuela; segundo, a venda e recompra de títulos e, por último, compensações e favorecimentos entre credores às custas dos bancos”, lembrou o comentador.
O ponto importante nesta situação, diz, é o facto destas operações terem ocorrido no início de julho, altura em que Ricardo Salgado já estava de saída do BES. “Isto é gravíssimo no plano ético e criminal, porque a administração aproveitou-se da situação para agravar a situação do banco e porque não se trata de descuido nem falta de competência”. Por isso, defende, é necessário “que a justiça seja rápida”.
Referindo-se ao futuro do banco, e à operação de recapitalização com uma alegada ajuda do Estado, Marques Mendes deixou claro que não “haverá nenhuma nacionalização”.
Com base “na legislação e informações que cruzei com outras pessoas”, o político defende que se tratará de “uma operação relâmpago”, nunca antes vista em Portugal, e que consiste “numa recapitalização que garante os direitos dos trabalhadores e todos os depósitos e que trará mudanças no capital, penalizando os atuais acionistas”.
“Na segunda-feira nascerá um novo banco, com o mesmo nome, mas uma nova direção. Tudo o que é lixo estará de fora bem como todos os esqueletos. O novo accionista será um accionista único, o Fundo de Resolução, que não é do Estado mas é abastecido financeiramente pelos bancos todos do país”, disse, salientado trata-se de “uma mudança radical a ser aplicada com Bruxelas, para salvar o banco”.