"Identificámos as primeiras 35 empresas que vamos oferecer ao setor privado e temos cerca de 100 outras", declarou o chefe de Estado queniano aos investidores, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
Na intervenção, Ruto disse que o país tem "empresas públicas muito lucrativas, mas estão sufocadas pela burocracia governamental, enquanto os serviços que oferecem podem ser mais bem prestados pelo setor privado".
O Quénia enfrenta uma crise económica decorrente dos efeitos da pandemia de covid-19, a invasão da Ucrânia pela Rússia, com o consequente encarecimento dos preços dos cereais e subida da inflação, e a persistente seca no Corno de África.
A dívida pública deste país da África Oriental, com cerca de 53 milhões de habitantes, ascendia a quase 65 mil milhões de euros, representando à volta de dois terços do Produto Interno Bruto, de acordo com dados oficiais citados pela AFP.
A reforma ou privatização das empresas públicas foi uma das recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI), que tem em curso um programa de ajustamento financeiro no valor de quase mil milhões de dólares (quase 900 milhões de euros) no Quénia, país que enfrenta o pagamento de um título de dívida em moeda estrangeira (Eurobond) no valor de 2 mil milhões de dólares, ou seja, 1,8 mil milhões de euros, no próximo ano.
Para tentar reequilibrar as finanças públicas e facilitar o serviço da dívida, o Orçamento do Quénia para o próximo ano fiscal inclui um conjunto de medidas de austeridade, incluindo novos impostos que deverão render 2 mil milhões de euros, contribuindo para o orçamento de 24 mil milhões de euros, mas foi recebido com protestos da população, redundando em manifestações por vezes violentas.
Leia Também: Empresários do Ruanda e do Quénia investem em Cabo Delgado