"Esta redução - equivalente a cerca de menos sete milhões de postos de trabalho adicionais - reflete uma revisão em baixa das perspetivas económicas em termos globais, prevendo-se que o crescimento do PIB seja de 2,8%, contra a anterior projeção que era de 3,2%", refere a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em comunicado hoje divulgado.
Os dados foram hoje publicados na atualização das Perspetivas Sociais e de Emprego no Mundo, após as projeções de abril do Fundo Monetário Internacional (FMI), e estimam uma redução do crescimento do emprego global de 1,7% para 1,5%.
A OIT acrescenta que cerca de 84 milhões de empregos em 71 países estão ligados direta ou indiretamente à procura por parte dos consumidores dos Estados Unidos da América. O risco sobre estes trabalhadores aumentou com o agravamento das tensões comerciais dos EUA.
Apesar de Ásia-Pacífico ser a região em que a maioria destes postos de trabalho se concentra (56 milhões), Canadá e México apresentam a maior proporção de empregos expostos a um possível agravamento das tensões comerciais (17,1%).
O relatório alertou ainda para "tendências preocupantes" na distribuição de rendimento.
"A proporção dos rendimentos do trabalho no total da economia - que é a proporção do PIB que vai para os trabalhadores - caiu a nível mundial de 53,0% em 2014 para 52,4% em 2024", refere a OIT, destacando as quedas nas regiões de África e Américas.
Caso esta proporção se tivesse mantido, os rendimentos do trabalho a nível mundial teriam sido superiores em um bilião de dólares em 2024 (885 mil milhões de euros ao câmbio atual), o que poderia significar mais 290 dólares (257 euros) por trabalhador em termos de poder de compra constante.
"Esta erosão da parcela do rendimento a nível mundial que vai para os/as trabalhadores/as coloca pressão ascendente sobre a desigualdade e evidencia uma desassociação entre o crescimento económico e a remuneração dos trabalhadores", refere o documento da OIT.
Citado em comunicado, o diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, alertou que se as tensões geopolíticas e as perturbações comerciais continuarem, "terão certamente repercussões nos mercados de trabalho em todo o mundo", uma vez que a economia mundial também está a crescer a um ritmo mais lento que o previsto.
"Podemos fazer a diferença reforçando a proteção social, investindo no desenvolvimento de competências, promovendo o diálogo social e criando mercados de trabalho inclusivos garantindo que a mudança tecnológica beneficia todas as pessoas", acrescentou o responsável.
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