Portugal avança para emissão sindicada de dívida a 30 anos
A operação terá como objetivo a colocação de três mil milhões de euros.
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Economia emissão sindicada
Portugal vai aos mercados fazer uma emissão de dívida com maturidade de 30 anos, uma operação mandatada a cinco operadores bancários no mercado, conforme noticiou na terça-feira a agência Bloomberg. Não há uma data confirmada, mas a imprensa económica adianta que a emissão deverá estar no mercado esta quarta-feira.
Os dados mais recentes relativos à procura, também citados pela imprensa económica, revelam que é expressiva: 32 mil milhões de euros.
"A República Portuguesa (...) mandatou o Crédit Agricole CIB, o Deutsche Bank, o Morgan Stanley, o JP Morgan, o Nomura e o Novo Banco como gestores conjuntos para uma emissão de dívida soberana portuguesa com maturidade em abril de 2052", pode ler-se na publicação feita pela agência.
Por sua vez, em comunicado, o Novo Banco, que diz que a operação tem como objetivo a colocação de três mil milhões de euros, referiu que "através desta emissão, Portugal poderá conseguir o feito ímpar de financiar-se a 30 anos com uma taxa de juro inferior a 1%" beneficiando "da primeira janela de oportunidade do ano para emitir, uma vez que é tradicionalmente um mês bastante ativo por parte dos investidores na procura de novos investimentos".
Para o banco esta nova linha de obrigação a 30 anos tem como objetivo "alargar a oferta de títulos do Estado Português, uma vez que o título atualmente mais longo é de 24 anos, e aproveitar assim o atual contexto de taxas de juro em mínimos históricos para se financiar em prazos muito longos e assim garantir a estabilidade dos custos de financiamento".
A Lusa tinha contactado a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - ICGP, que entretanto respondeu confirmando a operação, mas não adiantando uma data. Porém, a imprensa económica aponta que a emissão deverá estar no mercado esta quarta-feira.
"O IGCP confirma que foi atribuído mandato a um grupo de bancos com vista ao lançamento de uma nova Obrigação do Tesouro a 30 anos, a concretizar proximamente dependendo das condições de mercado", afirmou à Lusa numa nota escrita.
Habitualmente, o IGCP faz uma operação sindicada no início do ano, uma operação em que os bancos contratados contactam diretamente os investidores para a compra da dívida.
Em 13 de janeiro, Portugal colocou no mercado 1.250 milhões de euros, montante máximo indicativo, em Obrigações do Tesouro (OT) a cerca de 10 e 15 anos, a juros negativos no prazo mais curto.
Segundo a página do IGCP, que gere a dívida pública, na agência Bloomberg, foram colocados 500 milhões de euros em OT com maturidade em 18 de outubro de 2030 (cerca de 10 anos) à taxa de juro de -0,012%.
A procura cifrou-se em 1.511 milhões de euros, 3,02 vezes o montante colocado.
Com maturidade em 12 de outubro de 2035 (cerca de 15 anos), Portugal colocou hoje 750 milhões de euros à taxa de juro de 0,319% e a procura atingiu 1.911 milhões de euros, 2,55 vezes o montante colocado.
Foi a primeira vez que foi emitida dívida com juros negativos a 10 anos, de acordo com o Ministério das Finanças.
"A primeira emissão de obrigações do tesouro deste ano foi executada com elevado sucesso, mantendo uma perspetiva de regularidade na colocação de dívida em mercado primário e proporcionando liquidez à curva de dívida pública da República", pode ler-se num comentário das Finanças enviado à Lusa.
De acordo com o gabinete do ministro João Leão, o leilão veio "comprovar o trabalho e a estratégia que Portugal tem conseguido executar no atual contexto e também aproveitar a atuação do Banco Central Europeu", com os juros baixos e prazos longos a permitirem "assumir menos encargos com a dívida e um alongamento das amortizações futuras de dívida".
[Notícia atualizada às 9h52.]
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