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"Narrativa da catástrofe" na exploração de lítio é "fácil de entender"

O professor catedrático António Mateus considerou que a "narrativa da catástrofe" em relação à eventual exploração de lítio em Portugal é "mais fácil de entender" e que há grupos sociais "mal informados".

"Narrativa da catástrofe" na exploração de lítio é "fácil de entender"
Notícias ao Minuto

13:30 - 22/08/20 por Lusa

Economia Lítio

Em entrevista à agência Lusa, o professor catedrático no Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) defendeu que o "ser humano funciona muito por narrativas" e que a "narrativa da catástrofe", em relação aos planos para a exploração de lítio em Portugal, é "mais fácil de entender".

"Quando nos referimos a uma corta mineira como uma cratera, estamos a apelar imediatamente à cratera meteorítica, a uma coisa catastrófica e não tem nada que ser assim, rigorosamente nada, até porque hoje em dia os processos de extração, mesmo a céu aberto, já não se fazem de acordo com as regras que se seguiam há 40, 50 ou 60 anos", afirmou António Mateus.

O especialista admitiu, no entanto, ser favorável a uma intervenção social e fiscalização "fortíssimas", no que concerne a exploração mineira.

"Agora, não posso impedir que quem queira fazer bem feito, esteja impedido de o fazer simplesmente porque há um grupo que diz 'vem aí o fim do mundo, vamos poluir as águas todas, vamos ficar cheios de poeiras'; não faz sentido nenhum", acrescentou, defendendo que, na sua opinião, há grupos sociais que estão "mal informados".

Para António Mateus é mais problemático viver numa cidade como Madrid ou Londres do que "viver paredes meias com uma indústria extrativa responsável".

Neste sentido, considera que uma das formas de garantir uma exploração mineira responsável é através de um acompanhamento sistemático, quer por parte das entidades oficiais, quer por parte das próprias populações.

"Tem que se reconquistar a confiança entre as empresas e a população e esse reconquistar de confiança implica corresponsabilidade", defendeu.

Apesar das explorações mineiras já não criarem o mesmo número de postos de trabalho como acontecia há umas décadas, devido ao desenvolvimento da tecnologia, há, na sua opinião, outras contrapartidas vantajosas para as populações, como, por exemplo, o melhoramento de algumas infraestruturas existentes, uma vez que as empresas mineiras geralmente trabalham fora das grandes urbes.

"Os geólogos, os engenheiros de minas gostam da natureza", assegurou António Mateus, recorrendo ao humor, apelando ainda a um "sentido de responsabilidade social" no que diz respeito à produção a partir da extração mineira.

"Aquilo que estamos a produzir aqui, não está a ser produzido num outro lado, na Papua Nova Guiné ou nos confins do Brasil ou algures em África, utilizando mão de obra infantil, utilizando técnicas de lavra predatória, desleixando completamente o ambiente. Porque aí não há normas, aí há muita corrupção a funcionar", sublinhou.

Segundo a proposta de Orçamento de Estado, o Governo quer criar em 2020 um 'cluster' do lítio e da indústria das baterias e vai lançar um concurso público para atribuição de direitos de prospeção de lítio e minerais associados em nove zonas do país.

Devem ser abrangidas as áreas de Serra d'Arga, Barro/Alvão, Seixo/Vieira, Almendra, Barca Dalva/Canhão, Argemela, Guarda, Segura e Maçoeira.

O movimento cívico SOS Serra d'Arga, em Viana do Castelo, e diversas associações culturais e de defesa do ambiente da Galiza participam hoje numa caminhada para contestar a eventual exploração de lítio naquele território.

Em declarações à agência Lusa, Ludovina Sousa, em representação do Movimento SOS Serra d' Arga, disse tratar-se da "primeira iniciativa conjunta com associações e coletividades galegas e que visa dar a conhecer 'in loco' o território e património natural e construído que poderá vir a ser afetado por uma exploração mineira".

No dia 15 de agosto, cerca de 150 pessoas juntaram-se em Morgade, no concelho de Montalegre, numa vigília para alertar contra a mina de lítio a céu aberto prevista para aquele concelho, plantando árvores perto dos furos das prospeções já realizados.

No mesmo dia, a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso promoveu uma caminhada intitulada 'Não à Mina, sim à Vida', no concelho de Boticas, no distrito de Vila Real, pela, contra a destruição da floresta e a falta de regulamentação na indústria mineira.

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