ONU pede que suspensão da dívida seja alargada a mais países
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu hoje que a suspensão da dívida acordada no âmbito da atual pandemia para os países mais pobres seja alargada a mais Estados, nomeadamente países em desenvolvimento ou de rendimento médio.
© Reuters
Economia Covid-19
Guterres, que falava na abertura de um encontro virtual de alto nível sobre as necessidades de financiamento para as políticas de desenvolvimento no contexto da pandemia da doença covid-19, apelou igualmente à promoção de um plano de recuperação coordenado à escala global.
Na intervenção, o representante da ONU propôs um conjunto de ações coletivas para responder, com um caráter de urgência, às necessidades identificadas em seis áreas, incluindo a questão da dívida soberana.
Dirigindo-se aos chefes de Estado e de Governo que participaram neste encontro virtual de alto nível, António Guterres alertou que as consequências económicas da covid-19 ameaçam provocar uma vaga de crises da dívida soberana, cenário que, segundo frisou, irá complicar a resposta à doença e irá travar os progressos alcançados em matéria de desenvolvimento durante anos.
Para Guterres, a suspensão temporária da dívida dos países mais pobres por um ano, medida acordada em meados de abril pelo G20 (países mais ricos e emergentes) para ajudar estes Estados a atravessarem a crise criada pela pandemia, é "um primeiro passo".
Mas, defendeu o representante da ONU, este tipo de medidas devia estender-se a qualquer país em desenvolvimento ou de rendimento médio que o solicitasse por ter dificuldades em financiar-se nos mercados.
As Nações Unidas também defenderam a necessidade de procurar "formas criativas e incentivos" para que os credores privados - que possuem grande parte da dívida soberana dos países em desenvolvimento - participarem igualmente nos programas de assistência.
O secretário-geral da ONU pediu ainda, entre outros aspetos, medidas para melhorar a liquidez nas economias emergentes, face à fuga de capitais desencadeada pela pandemia.
Combater os fluxos financeiros ilegais, incluindo a evasão fiscal e o branqueamento de capitais, também deve ser uma prioridade, argumentou ainda o chefe da ONU, apelando que a recuperação esperada e alcançada pós-pandemia se traduza num mundo melhor.
"A covid-19 expôs e está a aumentar profundas desigualdades e injustiças às quais devemos responder, incluindo a desigualdade de género", declarou António Guterres.
"Todos os nossos esforços devem levar à construção de caminhos sustentáveis e resilientes que nos permitam não só derrotar a covid-19, mas combater a crise climática, reduzir a desigualdade e erradicar a pobreza e a fome", insistiu.
Em tom de conclusão, António Guterres realçou a necessidade de responder à atual crise "com unidade e solidariedade", afirmando que uma recuperação adequada desta pandemia irá custar dinheiro, mas, advertiu ainda, que uma eventual inação terá custos ainda mais elevados.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, cujo país organizou este encontro em conjunto com a Jamaica e as Nações Unidas, também utilizou a mesma linha orientadora de discurso.
"Esta é a nossa oportunidade de iniciar uma conversa sobre como podemos sair desta verdadeira crise global como um mundo mais coeso, um mundo que crie crescimento para todos, que responda às desigualdades e que cuide dos mais vulneráveis", defendeu Trudeau.
O líder canadiano destacou a interconexão que existe atualmente entre todas as economias do mundo e defendeu que os países com mais recursos, como é o caso do Canadá, devem assumir responsabilidades e participar num "plano global e coordenado" para a recuperação.
Desde que o novo coronavírus foi detetado na China, em dezembro do ano passado, a pandemia da doença covid-19 já provocou mais de 355 mil mortos e infetou mais de 5,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço da agência de notícias France-Presse (AFP).
Mais de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.
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